06 setembro, 2020

Dualidade.

Às vezes quero alhear-me das pessoas. Esquecer que existem, que há dezenas delas ao virar da esquina. Não que me perturbem, pois a conversa suscita em mim felicidade e entendimento. Mas eis que sinto que a minha alma, eu mesma, preciso tanto de silêncio, de estar só na minha vida e na minha própria companhia. Necessito. Quero perder-me nos meus pensamentos para conseguir encontrar um caminho. O meu caminho.
Pode soar totalmente sem sentido, uma vez que é esse um dos meus maiores receios... Estar só. 
Por vezes sinto que não me encaixo, que devia estar num outro lugar, a fazer uma outra coisa. Procuro entendimento e sentido em tudo o que vejo e sinto. Mas pensamos muito quando estamos sós. E faltam os amigos para dar leveza e humor aos dias cinzentos. O passado revisita-me, mas já me convenci a amá-lo tal como foi e a deixá-lo ficar como doce memória. Permaneço aqui. Eu mesma, com as mesmas questões, um tanto ou nada mudada, com mais umas luzes de farol para seguir. Mas penso que sempre com a mesma essência. Em busca. Em espera. Em Deus. Sempre na orla de Deus.