17 novembro, 2016

O que aprendi ao estagiar no Diário de Notícias?


Há uns dias vi uma fotografia que foi partilhada na rede social Facebook e que me deixou, por alguns momentos, quieta, a pensar. Essa fotografia mostra parte da redação do jornal Diário de Notícias (DN) vazia. Quando digo vazia refiro-me a um vazio material. Não há secretárias onde elas costumavam estar, faltam os computadores e os telefones... mas as pessoas ainda estão lá. Os jornalistas, a essa data, cumpriam o último fim-de-semana de trabalho naquele edíficio. Soube há algum tempo que a redação do DN iria abandonar o emblemático prédio da Avenida da Liberdade, nº 266, e mudar-se para as Torres de Lisboa, onde o espaço será partilhado com a equipa da TSF, também pertencente à Global Media Group. Fiquei um tanto ou quanto espantada com a notícia. Não duvido que possa ser o melhor em termos de interacção entre equipas e em termos de rentabilização, mas na minha visão sobre esta mudança, e porque não a vivo em primeira pessoa, as memórias falam mais alto. Sempre associei o Diário de Notícias àquele edifício. Quem não? Quanta história, quanta importância... a fachada tão característica que podia ser vista por todos quanto passavam pelo Marquês de Pombal. Confortou-me o facto de saber que os novos proprietários do edifício o vão manter o mais fiel possível, a própria referência ao nome do jornal no topo da fachada, permanecerá. Como eu digo, é história. Antes de passar ao verdadeiro propósito deste post quero, ainda, referir, outro aspecto que me chamou a atenção na dita fotografia. Reconheci poucos. Passaram-se três anos desde o meu estágio no DN e vejo que, de lá para cá, muita coisa tem mudado. Soube que o meu editor (secção de Segurança), já enveredou por outra área, o sub-director Nuno Saraiva faz hoje parte do Gabinete de Comunicação do Sporting, entre outros casos. Surpreendeu-me olhar para a fotografia e reconhecer apenas alguns jornalistas do "meu tempo". 

Feito isto, e porque são algumas as memórias que guardo do DN, nº 266 da Avenida da Liberdade, resolvi escrever acerca do que aprendi a estagiar nesta redacção. 

Por vezes, o nosso trabalho vai para o lixo. Esta frase não é minha, foi-me dita pelo meu editor, na altura. Soube o seu significado da pior forma, mas depressa percebi que é algo normal e que pode acontecer a todos, não só a jovens estagiários. Numa manhã tinha sido enviada para o Cais do Sodré, mais propriamente para a estação de comboios onde tinha ocorrido um descarrilamento que estava a provocar atrasos. O objectivo era recolher testemunhos por parte dos passageiros e até dos funcionários. Fiz o meu trabalho, voltei para a redacção e escrevi o artigo, tendo em conta o espaço que tinha disponível para ele. Estava empolgada por ver um artigo meu nas páginas do DN. Contudo, no dia seguinte, quando abro o jornal, na própria redacção, não o encontro em lado algum. Questionei o meu editor e o mesmo respondeu-me com a frase que dá início a este tópico. Simples assim. Surgiu algo mais importante, entretanto, e o meu artigo teve de "cair". Se todo o trabalho foi em vão? Teoricamente, sim, porque só eu e o meu editor é que tivemos acesso aos dados que recolhi. Na prática foi mais uma oportunidade de sair da redacção ao encontro da notícia e de me aprimorar na escrita de notícias. 

Como funciona uma redacção. Neste aspecto, eu tinha uma ideia errada acerca do ambiente nas redacções. Pensava que os jornalistas eram pessoas muito sérias, e são, no desempenho do seu trabalho, mas descobri uma redacção muito familiar, com um ambiente de trabalho convidativo, bem-disposto, de entre-ajuda. A comunicação é constante, entre nós e com o exterior. Foi bastante pedagógico assistir a debates entre jornalistas sobre o imediatismo, sobre a confirmação com as fontes, sobre o melhor título para uma dada notícia. Aprende-se muito com a observação, acreditem. Fica-se a saber imenso sobre a rotina jornalística.

A importância de conhecer as fontes. A eterna relação entre o jornalista e as fontes! É mais difícil para um estagiário construir uma relação com as fontes em comparação com um jornalista que tem mais de dez anos de casa. As fontes conquistam-se ao longo do tempo através de confiança e da isenção do nosso trabalho. É muito importante saber que fontes contactar tendo em conta a natureza do acontecimento. Procurar fontes credíveis, saber confrontar os dois lados de uma história. Esta é a conjugação de uma notícia, se assim não for ela acabará por ter um carácter tendencioso. 

Há falsos alarmes. Um dia, tinham recebido de um leitor a informação de que havia um grande incêndio em Telheiras, um bairro de Lisboa. Segundo o leitor, haveria muito fumo e muita gente no local. A minha função era ligar para os Bombeiros Sapadores de Lisboa para confirmar a notícia e saber mais pormenores sobre o dito incêndio. Feito o contacto com os bombeiros, a resposta do outro lado foi de que não havia incêndio nenhum, nem em Telheiras, nem em Lisboa. Aqui está, a importância de confirmar a informação.

A enfrentar um desafio sozinha. Duas semanas antes do meu estágio terminar recebi um grande desafio: escrever um artigo sobre o uso indevido do telemóvel na condução. Esse artigo tinha uma data para estar pronto e eu comecei logo a trabalhar nele. Seleccionei as fontes que achei pertinentes, entre as quais a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), a GNR, a PSP, bem como o presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa e a Associação de Cidadãos Automobilizados. Tive de esperar alguns dias para receber dados estatísticos por parte da ANSR e, entretanto, o meu editor ausentou-se da redacção durante três dias. Eu já tinha bastante informação, mas precisava de orientações, precisava de saber se estava a abordar o tema como devia, se a notícia tinha um fio condutor. Mas, de facto, eu não podia parar, mesmo sem ter um feedback, até porque o prazo de entrega já estava próximo. Então, decidi ir para a rua e falar com pessoas, condutores, ao mesmo tempo em que compilava algumas informações que estariam nas caixas adicionais da notícia. Resultado: correu tudo bem. O meu artigo foi aprovado pelo editor, foi publicado com o meu nome, ocupou a primeira página do jornal e ainda serviu de alavanca para que a notícia fosse divulgada, também, pelos jornais televisivos. Foi uma grande vitória pessoal e guardo essa edição do jornal religiosamente até hoje. Mesmo com contratempos, é possível. Muitas vezes é um teste à nossa capacidade de enfrentar as situações.


Conclusão. Durante os três meses enquanto aprendiz e estagiária no Diário de Notícias senti a satisfação que é sair da redacção para o terreno, aprendi a evitar chavões como “ilícitos criminais”, consegui “puxar” o que é notícia logo para o primeiro parágrafo do texto e tornou-se ainda mais claro que tudo o que se escreve em jornalismo deve ser sustentado por fontes credíveis e não por ideias do senso comum. 
Percebi que o jornalismo me preenche e me faz sentir realizada; que não há horários para os jornalistas; que o trabalho, na maior parte das vezes, é árduo; que as fontes são essenciais para todo e qualquer trabalho e que é necessário escolhê-las bem; que apesar de todos os condicionalismos da profissão há quase sempre o cuidado de cumprir o código deontológico. 
Apesar da redacção do DN ser um espelho da actualidade e todo o trabalho ser fruto de contactos com o exterior, eu considero a redacção como um mundo à parte. Um mundo onde os esforços se concentram no serviço público, onde a prioridade é informar com qualidade e “em tempo útil”. A redação é um mundo que eu tive a satisfação, não só de conhecer, como de pertencer durante três meses, e que abriu de uma forma espantosa os meus horizontes e a minha perspectiva sobre a profissão de jornalista. 

Fotografias: www.dn.pt

14 novembro, 2016

A Super Desigualdade da Lua

foto: Kai Pfaffenbach/reuters - Alemanha

Às vezes, a vida, é semelhante à lua de hoje. Espera-se algo grandioso, radiante, fora do comum, extremamente peculiar, e depois vê-se o mesmo de sempre. O tamanho é quase o mesmo que o habitual, sem grandes realces. Pelo menos foi assim que eu a achei. Serão os meus olhos? Não terei olhado tempo suficiente? Foi no horário errado? É que, quem veja as fotografias divulgadas pela internet, eu incluída, fica maravilhado com tal contorno, nitidez, com a proximidade. Será a lua como a vida? Cheia para uns, um ponto distante para outros? 

A questão nem é a lua. É bela todos os dias. 

Isto vai mesmo directo para a etiqueta de Introspecção...

11 novembro, 2016

Leonard Cohen. Até ao fim do amor.



A música tem perdido grandes nomes. Acredito, contudo, que a obra é imortal. Continua ao nosso dispor, seja através dos discos que se têm em casa, dos vídeos que pudemos ir resgastar ao Youtube, seja das músicas que ainda passam na rádio. O músico morre, mas a música permanece viva, e as memórias também. Acontece-me isso com Leonard Cohen, que deixou ontem este mundo, quem sabe dançando, na direcção do amor

Dance Me To The End Of Love, foi a música que me lembro de ouvir vezes e vezes sem conta durante a minha infância. A minha mãe é fã do cantor, aprecia-lhe a voz grave, rouca, a forma lenta e pausada de cantar. Por isso, no Natal de 2002 ofereci-lhe o disco "The Essential Leornard Cohen". Assim, quando fazíamos as viagens para a escola e de regresso a casa era esse o CD que tocava no carro. Esses trajectos ficaram, curiosamente, associados a essa memória musical como se um não existisse sem o outro. É curioso o facto de, enquanto criança de 11 anos, gostar de ouvir esse género de música, mas a verdade é que não me recordo de pedir à minha mãe para mudar aquilo que estava a ouvir. Não direi que me tornei tão fã do cantor como a minha mãe, ou que continuei a acompanhar o seu trabalho depois dessa fase, mas ganhei um carinho por Cohen e pela sua música. Sempre que ouvia falar de Leonard Cohen era como se ouvisse falar de um velho amigo que outrora já me tinha acompanhado. Ele fê-lo, através das suas músicas. 

Leonard Cohen, também escritor e compositor, morreu aos 82 anos. Viveu uns escassos meses após a morte de Marianne, a sua musa inspiradora, que faleceu em finais de julho. Na altura, Cohen despediu-se dela através de uma carta emotiva, em que referia estar próximo de Marianne e onde dizia que brevemente se encontrariam pelo caminho.
Num dos seus últimos temas o poeta canadiano dizia-se pronto para morrer - "I'm ready, my Lord" - mas acrescentou, mais tarde, que estava a dramatizar e que pretendia viver para sempre. Decerto viverá. Até porque o amor não se esgota aqui.

Ainda tenho de contar a notícia à minha mãe.

Nota: Já lhe contei. A resposta foi: "era a voz da minha vida."

 

09 novembro, 2016

A piada ficou séria. Trump é Presidente.


A princípio achei a figura de Trump caricata. O facto de um homem com o seu perfil se estar a candidatar à Casa Branca era um acontecimento ao qual achava piada. Era uma espécie de bobo da corte. Em momento algum levei a sua candidatura a sério, não só por considerar Trump um megalómano, alguém com ideias muito loucas, mas devido a outros candidatos que, desde logo, me chamaram a atenção pela sua postura, ideais defendidos e credibilidade. Sempre acompanhei a corrida à Casa Branca como uma mera espectadora, ia ficando a par dos resultados e a par das barbaridades que este senhor Donald Trump cuspia. Era para mim difícil de acreditar no que ouvia, por vezes. As ideias xenófobas, a intenção de construir muros, de expulsar imigrantes, de humilhar pessoas com deficiência, a própria forma como encara as mulheres em pleno século XXI é de deixar qualquer pessoa abismada! 

É claro que nunca acreditei que os EUA o elegessem como presidente, na minha cabeça a sua progressão nas votações devia-se ao seu show business, as pessoas queriam ouvir as "trumpalhadas" que ele dizia aos media e rirem-se dele. Pelo menos, era o que eu fazia, era o que eu pensava. Repito: nunca pensei que o povo americano, com toda a informação e desenvolvimento de que hoje dispomos, fosse votar num homem destes. Estamos a falar de um povo que elegeu Barack Obama. O que mudou entretanto nos eleitores? Há quatro anos elegeram o primeiro presidente negro dos Estados Unidos da América, um homem sensato, humano, com valores morais; já hoje, dão o poder a um homem cheio de si, com ódios bem marcados, sem respeito pelas minorias, com ideias fora de série para o mundo actual. É inacreditável esta escolha do povo americano. 

Mas atenção, não me espanta o facto de Donald Trump ter conseguido uma legião tão numerosa de apoiantes. Ele sabe falar, sabe mexer com as vontades ocultas das pessoas, dá voz ao pensamento dos que são como ele. Essas pessoas vêem-se representadas. Trump é tudo menos politicamente correcto. Soube cativar as pessoas menos instruídas e deu-lhes a volta com o seu discurso "Make American Great Again". Tenho de dizer isto, mas sempre que ouvia Donald Trump discursar e arrastar multidões para as barbaridades que dizia, lembrava-me de Hitler. Toda aquela lavagem cerebral, o recurso à manipulação, ao ódio gratuito. É de arrepiar, mas esta associação é bem real para mim. Cheguei a acreditar que ele não pretendia ser eleito, que tinha entrado na corrida para se auto-promover e que, entretanto, as coisas se tinham desenrolado melhor do que Trump alguma vez esperara. Será que o próprio acreditou desde o início que conseguiria tornar-se presidente dos EUA?

Hoje o mundo acordou em choque. Não só a América, mas o mundo. A nós, resta-nos esperar para ver o seu discurso, a sua posição face aos acontecimentos futuros, as medidas que tomará. No discurso de vitória o republicano afirmou que será presidente de todos os americanos e que quer promover a união. Vamos esperar. Mas uma coisa é certa: não sinto que a América - ou que o mundo - esteja bem entregue.

08 novembro, 2016

Como escolher o local de estágio | Jornalismo

Há cerca de 3 anos estava eu, muito possivelmente, a escolher o meu local de estágio. Estava a pouco tempo de terminar a licenciatura em Comunicação Social, no Politécnico de Coimbra, e até dezembro teria de informar a minha professora - e orientadora de estágio - acerca das minhas intenções e preferências de estágio. Nessa altura, é aliciante saber que existem grandes orgãos de comunicação social portugueses dispostos a receber-nos, todo um mundo de possibilidades se abre à nossa frente, a expectativa é muita. O estágio curricular é uma oportunidade única. É preciso agarrá-la bem e é preciso levar o estagio a sério. O estágio, apesar de não ser remunerado, simboliza a nossa entrada no mercado de trabalho, numa área extremamente saturada e cada vez mais impenetrável. Por isso mesmo, a escolha do local de estágio deve ser minuciosamente ponderada, algo que eu não fiz - e já explico o meu erro - e deve ser encarada como um verdadeiro trabalho. Eu sei, somos estagiários, na grande maioria dos casos estamos ali para aprender, para ter o primeiro contacto com a realidade que até então só tínhamos estudado, mas a verdade é que os profissionais da área esperam mais de nós. Esperam que sejamos mais do que aprendizes. Como já disse, o estágio curricular é a oportunidade de mostrar a nossa fibra, o nosso interesse, acreditem que o nosso modo de trabalhar e a nossa seriedade estão a ser avaliados. No meu caso, e uma vez que optei pelo percurso de Jornalismo e Informação, decidi fazer o meu estágio curricular num jornal generalista, o Diário de Notícias. Contudo, no meu curso existe também a vertente de Novos Media, que se relaciona com novos conteúdos, com vídeos, câmara, edição, entre outros. Neste caso o local de estágio será um seguimento da área que já foi previamente escolhida por nós, se eu decidi enveredar pelo jornalismo mais tradicional é mais lógico que estagiasse num jornal, enquanto que um colega que tivesse escolhido o ramo de Novos Media possivelmente se interessaria mais em estagiar num canal de televisão, em produção, por exemplo. Contudo, isto não é uma regra. Mas como se nota, logo nesta fase o nosso percurso profissional começa a direccionar-se para algumas áreas em detrimento de outras. 

Mas o que ter em conta quando se escolhe o local de estágio na área de Jornalismo e Comunicação?



1# A área com que mais te identificas. Rádio? Televisão? Imprensa escrita? Câmara e Edição? Produção e Realização? Aqui surge um vasto leque de opções e tu só tens de perceber com qual destas áreas mais te identificas. No meu caso, eu queria decididamente estagiar em imprensa escrita, fosse num jornal ou numa revista como a Visão ou a Sábado. Sempre soube isso porque o que me levou a estudar Comunicação Social foi a minha paixão pela escrita, que é uma das formas de expressão e informação com que mais me identifico. 

2# A importância de escolher um nicho. Esta é a dica que eu gostaria que me tivessem dado, e se calhar até deram, mas eu estava demasiado distraída nessa altura, digamos assim. O que é um nicho, em jornalismo? Um nicho consiste numa determinada temática que é abordada pelos media e cujo público apresenta necessidades particulares, ainda pouco exploradas. Pode-se considerar um nicho de mercado uma revista de moda, um jornal de desporto, um canal sobre tauromaquia, uma revista de culinária ou de caça. Como se pode ver são orgãos de comunicação que exploram temas em particular e que têm a capacidade de fidelizar o público que partilha esses mesmos interesses. Grande parte dos meus colegas que estão a trabalhar na área de formação estagiaram, coincidência ou não, em nichos de mercado. O mesmo não acontece a colegas que, como eu, integraram orgãos de comunicação mais generalistas. Foi este o meu erro.

3# Escolher uma área de especialização. Tendo em conta o tópico anterior já deu para ficar com a ideia de que é importante escolher uma área específica. Mas atenção! Se, tal como eu na altura, não têm nenhum nicho da vossa preferência, podem optar por um orgão generalista. Porque, caso não saibam, até nos generalistas existe uma especialização, uma diferenciação. No Diário de Notícias (DN), por exemplo, existe a secção de Sociedade, de Política, de Segurança, de Cidades... ou seja, os próprios jornalistas da casa têm uma secção na qual são especializados e na qual, muitos deles, adquirem formação. Por isso, há que ponderar também este aspecto. Existe sempre uma temática restrita dentro do todo da redacção. Eu estagiei na secção de Segurança do DN e lidava diariamente com casos de violência, homicídio, furtos, assaltos e todos estes assuntos de cariz mais pesado. É importante pensar bem antes de escolher a secção que vão integrar.

No geral, são estes três aspectos que eu considero relevantes e a ter em conta quando se decide por um local de estágio em Jornalismo. Olhar para dentro de nós, perceber qual é o nosso interesse, perceber em que área nos sentimos mais confortáveis e, ao mesmo tempo, mais desafiados. Depois de tudo isso estar interiorizado, é altura de fazer a escolha. Volto a referir que é essencial levar o estágio curricular a sério, é preciso trabalhar, dar o melhor de nós, ganhar a confiança dos orientadores de estágio, provar que não somos apenas mais um estudante no meio de tantos que saem dos bancos da faculdade. Se o estágio correr bem é meio caminho andado para se conseguir um lugar na empresa, mas o contrário também pode acontecer. Hoje em dias os orgãos de Comunicação Social estão com as portas semi-cerradas. Um ou dois estagiários podem ficar, mas a esmagadora maioria não terá essa oportunidade. Não é por falta de talento, de esforço, ou de trabalho, mas pela contenção de custos e pelo corte de recursos humanos que impera nesta área. Quando fui à entrevista de estágio no Diário de Notícias uma das primeiras coisas que o sub-director do jornal - na altura Nuno Saraiva - disse foi que a possibilidade de ficar na redacção era nula. É normal isto acontecer nos dias actuais. As portas abrem-se para os estágios, mas fecham-se para as contratações. Isso não pode ser um impedimento para quem vai começar agora. Acredito que, mais tarde ou mais cedo, quem se esforça será recompensado por isso. 


07 novembro, 2016

Livros? Não dá para virar a página!

Livros nunca são de mais. Há sempre um que queremos ler. Há sempre mais um que ficamos a namorar quando passamos pela livraria. Há sempre um novo e imperdível lançamento do nosso autor preferido. Há sempre um clássico que ainda não lemos e que não pode faltar na nossa biblioteca pessoal. Há sempre o livro certo para nós, naquele momento que é o agora.

Sou uma pessoa tão apaixonada por livros. Obrigada, mãe. Conforme dizes, foi desde pequena que me incutiste esta prática da leitura. Comecei por folhear livros infantis, cheios de desenhos e bonecos, depois fui crescendo e à minha estante foram-se juntando livros de outro género, mais direccionados para jovens crianças e adolescentes. Lembro-me perfeitamente dos livros que marcaram essa minha transição para o mundo dos "mais crescidos". Estou a falar das colecções de "Uma Aventura" e de "Os Cinco", obras certamente conhecidas da maioria que me lê. Lia tão rápida e interessadamente que em dois dias tinha o livro dado como lido. Que viesse o próximo. E veio sempre, um livro atrás do outro. Cresceu o interesse por outros enredos e por novos autores que fui conhecendo enquanto eu própria crescia, e a minha mente foi pedindo mais qualidade, o meu cérebro mais raciocínio. Houve uma época em que me rendi à saga de Harry Potter, de J.K. Rowling, (quem não?) li quatro livros, apesar de ter seis em casa. Escusado será dizer que no pico da minha adolescência fiquei presa a romances e até hoje, reconheço, é um dos meus géneros literários/narrativos predilectos. Quando me iniciei na leitura de romances comecei pelos famosos livros do escritor Nicholas Sparks. Hoje em dia, sou sincera, tenho dificuldade em voltar a ler algo do autor. Foram tantos os livros que li, um atrás do outro, que me apercebi que as histórias eram praticamente moldes umas das outras e acabei por me cansar um pouco desse estilo de escrita tão somente baseado no romance. Acredito que talvez daqui a uns anos eu possa dar outra oportunidade a Nicholas Sparks, que é sem dúvida merecedor de todo o sucesso que tem alcançado, mas que neste momento não satisfaz por completo as minhas necessidades enquanto leitora. Posto isto, e uma vez que deixei este escritor de lado, conheci outros, e é tão empolgante reconhecer que cada um tem o seu registo pessoal. Joanne Harris, Nora Roberts, Lesley Pearse, Dorothy Koomson, Jodi Picoult, Paullina Simons, são escritoras que me foram acompanhando até hoje. São extremamente talentosas e já me fizeram sentir tanto ao ler as páginas e as histórias que escreveram. Mais tarde, numa outra publicação, posso mencionar quais os meus livros favoritos de cada uma destas escritoras e fazer uma breve resenha deles.

Agora, em pleno ano de 2016, noto que o meu interesse literário está novamente a sofrer uma metamorfose. Se de há uns anos para cá já escolhia romances com uma boa trama de fundo e baseados em histórias reais, agora isso tem vindo a intensificar-se. Se houver um livro sobre guerra, catástrofes, causas humanitárias, muito provavelmente eu vou querer tê-lo. Não me refiro a livros de história "pura e dura", mas a romances cujo palco são momentos marcantes da história mundial. Esse enlace entre ficção e realidade é desafiador para o autor e bastante informativo para o leitor. 



Neste momento de viragem pessoal, e também literária, existem quatro livros que quero ter, desesperadamente, em cima da minha banca de cabeceira

"Toda a Luz Que Não Podemos Ver", de Anthony Doerr. Recebeu o Prémio Pulitzer 2015 - Ficção. Já tenho este livro, mas ainda não comecei a ler. Trata da II Guerra Mundial e dos ataques de Hitler. Mais não digo porque mais tarde pretendo escrever sobre o livro aqui no blog. 

"Vaticanum", de José Rodrigues dos Santos. Um livro sobre o Papa, a Igreja e o Estado Islâmico.

"O Diário de Anne Frank". Um clássico. O relato verídico de uma jovem que foi obrigada a esconder-se durante a ocupação Nazi a Amesterdão.

 "A Rapariga do Comboio", da autora Paula Hawkins. Um livro cheio de mistério e intriga que consegue agarrar o leitor do início ao fim. 

Possivelmente alguns destes livros serão os meus presentes de aniversário e de Natal, e como ficarei feliz! Costumam dizer que as viagens são um investimento que nos deixa mais ricos, eu concordo, e acrescento que o mesmo se passa com os livros. Um livro deixa-nos tão ricos, tão completos, tão conhecedores! Eu tenho, neste momento, dois livros para terminar de ler, mas como se nota já estou a acrescentar mais uns quantos à minha estante. Porque os livros são assim, são um amor que não tem fim.

06 novembro, 2016

À Procura de Dory | Filmes

Esta semana assisti ao filme "À Procura de Dory", que surgiu este ano como uma continuação do grande sucesso da Disney Pixar "À Procura de Nemo". Estava com vontade de ver o filme desde o momento em que soube que iria estrear. Tinha ficado com uma boa impressão do primeiro filme, que vi vezes e vezes sem conta, e achei interessante a ideia da Disney Pixar retomar a sequela de Nemo. Mal consigo acreditar que já se passaram 13 anos desde o lançamento do primeiro filme! Mas é curioso como a história inicial permanece recente na minha memória. Por isso estava com muitas expectativas para este filme que, apesar de ser de animação, é um dos meus géneros preferidos, independentemente da idade que tenha. "À procura de Dory" é um filme com cerca de 1h30m de duração e ao qual dou nota positiva. Não se pode dizer que seja um filme apenas para os mais pequenos, pelo contrário, penso que se adapta a qualquer idade. Considero um filme divertido, educativo, e emocional ao mesmo tempo. Resumindo: a nossa Dory, que sofre de perda de memória a curto prazo, vive tranquilamente com os amigos Marlin e Nemo, até que começa a lembrar-se, aos poucos, da sua família. Inquieta e aventureira como sempre foi, decide ir procurar os pais e arrasta os amigos para mais uma aventura que envolve buscas, novas amizades, e memórias do passado. Na nova sequela do filme grande parte da acção tem lugar num centro de recuperação para animais marinhos.


Escusado será dizer que Dory se vai perder de Marlin e Nemo e vai ter de enfrentar muitos desafios até conseguir encontrar a família, que se encontra na Jóia da Baía do Morro. Pelo meio, surgem novos personagens muito carismáticos e com os quais se cria facilmente afinidade, como é o caso do polvo Hank, que se revela um leal amigo, e da baleia Destiny com quem Dory volta a encontrar-se após tantos anos (finalmente está desvendado o mistério de Dory saber falar baleiês!). "À Procura de Dory" é um filme sobre a força da amizade e o poder de acreditar no nosso instinto. Existem pedaços do passado que nos chegam através de flashbacks e tenho de frisar a ideia do amor e da paciência maternos, que são personificados no filme através dos pais de Dory. É um seguimento muito inteligente e bem estruturado do filme de Nemo e é a oportunidade perfeita para nos apaixonarmos ainda mais pela divertida cirurgiã-paleta. Um filme que arranca emoções, que estimula a nostalgia, e que nos faz sorrir!

Nota: vi o filme em inglês, apenas com legendas em português, e é engraçado identificar em cada fala de Dory a voz da grande apresentadora Ellen DeGeneres. Mas, devo dizer que em "À Procura de Nemo"(2003) assisti à versão portuguesa e dou nota 10 ao desempenho de Rita Blanco como "Dory". Uma dobragem excecional da atriz!

Dados do filme:
Título: À Procura de Dory
Título Original: Finding Dory
Ano: 2016
Diretor: Andrew Stanton, Angus MacLane
Disney

13 agosto, 2016

Quanto custa estudar fora? Vale a pena?

A primeira fase de candidaturas ao Ensino Superior já terminou, o que significa que muitos jovens já fizeram uma escolha ponderada acerca do futuro e baseada nas suas preferências académicas e laborais. Mas, para os estudantes que necessitaram, ou optaram, por uma melhoria de nota nos Exames Nacionais, ainda há a oportunidade de ingressarem no Ensino Superior através da segunda e terceira fases de candidatura, que terão lugar nos meses de setembro e outubro, respectivamente. Por esse motivo, e porque ainda são muitos aqueles que estão a reflectir e a ponderar quais as melhores opções, decidi escrever sobre esta fase tão importante da vida. E uma coisa posso dizer: este é o momento que pode mudar, ou condicionar, o nosso futuro. Há que pensar bem, há que ouvir os pais, há que pesquisar acerca das faculdades, analisar os Planos de Estudo, perceber se o mercado de trabalho está saturado nessa área ou não. É a decisão de uma vida. São três anos, no mínimo, que vamos estar dedicados a estudar uma área que, e espero que assim seja, nos interessa e fascina! Tenham a certeza  de que estão a pôr em primeiro lugar a vossa realização pessoal, os vossos interesses, mas não se esqueçam de que há outros factores, igualmente importantes, em cima da mesa. Quais?

Bem, o dinheiro é um deles. E aqui não vale a pena fazer de conta de que todos vivemos num mundo cheio de regalias. A realidade está à vista, todos os dias, não só nos telejornais, mas nas nossas casas ou na casa do nosso vizinho. É caro tirar um Curso Superior. É ainda mais caro tirar uma licenciatura fora da zona de residência.

Quanto custa estudar fora? 
*(Estes valores são relativos à minha experiência na cidade de Coimbra. Acredito que haja uma variação consoante as regiões do país.)

Alojamento.

Quarto partilhado: 150 €
Quarto individual: 200 €

Quanto mais bem localizado na cidade, mais caro é o quarto. No meu caso, morava em frente à ESEC, ao lado do Dolce Vita e do Estádio Cidade de Coimbra.

*Atenção: durante o período de férias de verão é obrigatório continuar a pagar o quarto, mesmo que não estejamos lá durante dois ou três meses.

Despesas (água, luz, gás). Se partilharem casa com colegas as contas são divididas entre todos, o que pode dar uma média de 35 a 50 euros por mês, dependendo dos gastos e do número de pessoas que habitam a casa.  

*Há quartos que já incluem as despesas.

Propinas. Cerca de 1000 euros por ano, o que equivale ao valor final de  3000 euros caso o curso tenha a duração de três anos.

As propinas podem ser pagas na sua totalidade, logo no início do ano lectivo, ou através de prestações.

Alimentação. Aqui pode optar-se por levar comida de casa, ir ao supermercado e cozinharem por vocês mesmos, ou fazer as refeições fora. Tendo em conta que a primeira é a mais económica, mas também a que mais sobrecarrega os pais e que a última é a mais dispendiosa e possivelmente a menos saudável, aconselho a cozinharem as vossas próprias refeições. É uma maneira de se desenrascarem e uma ida mensal ao supermercado para reabastecer a dispensa de tudo o que necessitam pode rondar os 80 euros.

Transportes. Esta categoria é vasta. Aqui se incluem as viagens de autocarro ou comboio até à nossa terra e de volta ao local onde estudamos, bem como os passes de metro, autocarro e as viagens de táxi.

Com base na minha experiência a viagem de comboio de Portalegre para Coimbra e vice-versa ficava-me mais barata do que a de autocarro.

Ida e Volta de Comboio: 18 euros
Ida e Volta de Autocarro: 45 euros (tinha de fazer escala em Lisboa, não existia viagem directa)

Vi-me obrigada a optar pelas viagens de autocarro no último ano da licenciatura devido ao encerramento da estação ferroviária de Portalegre, que entretanto já  reabriu. Mas imaginam o transtorno, certo?

Passe de Autocarro em Coimbra: em Coimbra há a possibilidade de comprar um cartão que se vai carregando com as viagens de que necessitamos. Para ficarem com uma ideia:

3 viagens: 2,20 euros
8 viagens: 4,65 euros
11 viagens: 6,40 euros

Uma viagem de táxi: 7,50 euros.

A isto somem as despesas com os livros e fotocópias, o traje académico, bem como os jantares e convívios. Mas, tirando isto, e tendo em conta apenas as despesas de quem opta por estudar numa cidade diferente, a despesa mensal fica à volta 650 euros (fiz o cálculo incluindo apenas uma prestação das propinas que equivale a 200 euros). Assim já ficam com uma ideia. O que eu estou a partilhar com vocês era o que deveria ter feito para mim mesma há seis anos atrás! Agora já está, eu consegui ir até ao fim, com o esforço e a ajuda da minha mãe. Mas agora é a vossa vez de pensarem o que é melhor para vocês e para os vossos pais. Esta é a altura de pensar no futuro, de pensar com a razão. Invistam na vossa formação, invistam em vocês, mas com consciência.

Eu tive a sorte, se assim lhe posso chamar, ou  talvez privilégio seja a melhor palavra, de estudar em Coimbra. Sim, na saudosa e académica cidade de Coimbra. Fi-lo porque a minha mãe teve capacidades de me proporcionar esses três anos fora, mas devo admitir que na altura da minha candidatura, em 2010, eu não tinha a menor ideia do quanto custaria estudar fora.
E acho importante que se fale disto porque para muitos jovens pode ser um sonho estudar numa outra cidade e experimentar toda a sensação de liberdade e independência, mas falem com os vossos pais e perguntem-se várias vezes se o sacrifício financeiro compensa algo que, por vezes, possa ser um capricho.

E VALE A PENA?

No meu caso, escolhi estudar Comunicação Social na Escola Superior de Educação de Coimbra. Foi a minha primeira opção e, felizmente, entrei. Aproveito para dizer que não me arrependo, identifiquei-me com o curso, considerei úteis a maioria das cadeiras que tive, em suma,  senti que tinha feito a escolha certa. E fiz. Posso ter pouca experiência na área, posso estar a trabalhar num hipermercado neste momento (sem qualquer problema nisso), mas digo-vos que valeu a pena. Vale sempre a pena investir em nós, na nossa formação, na nossa construção enquanto profissionais. Garanto-vos, faz a diferença. Mas agora vou contar-vos outra coisa. Na minha cidade, em Portalegre, também existe o curso de Jornalismo e Comunicação. E tanta gente já me perguntou e ainda pergunta por que motivo decidi eu estudar fora quando poderia ter tirado o mesmo curso estando em "casa"?!

Na altura, com 19 anos, queria ir  além do meu Alentejo. Queria conhecer novas pessoas, ter novas experiências, perceber como era viver "sozinha", e tinha a ideia de que um diploma de Coimbra pudesse valer mais do que os restantes. Possivelmente estava enganada. Estava mesmo. A verdade é que, se fosse hoje, e tendo em conta as despesas que estudar fora implica, talvez eu tivesse estudado Jornalismo em Portalegre. Claro que estudar fora compensa em vários níveis, dá-nos outra noção da vida, é o nosso primeiro voo para fora do ninho, somos colocados à prova, aprende-se a ser mais autónomo e comunicativo. As necessidades e preocupações passam a ser outras, os amigos passam a ser família. Essa experiência, sim, é maravilhosa, e acho que me trouxe competências muito positivas. Mas, caso eu não tivesse possibilidades de estudar fora e estudasse na minha cidade, será que ficaria prejudicada? Sem dúvida que não! Seria igualmente uma experiência nova e diferente, e como o Plano de Estudos era semelhante, em alguns pontos, estou certa de que sairia uma jornalista bem formada e pronta para o mercado de trabalho.

É isto que gostava de transmitir: estudar fora é excelente, caso tenham essa oportunidade, e caso o curso que queiram seguir não exista na vossa localidade. Mas jamais pensem que estudar "em casa" é menos meritório ou menos "cool", principalmente se o orçamento não esticar e os vossos pais tiverem vários filhos a estudar ao mesmo tempo. Claro que existem as bolsas de estudo, mas são poucas e não chegam para todos. O que interessa é o nosso empenho e a paixão pelo que estamos a estudar. Isso faz a diferença. E isso faz-se aqui ou na China!

A sério que foi preciso escrever todos estes parágrafos para vos fazer uma média de quanto custa estudar fora? Bem, acredito que deixei informações úteis para algumas pessoas. Eu própria gostaria de ter ouvido alguns relatos deste género antes de ingressar no Ensino Superior.

Só me resta desejar-vos boa sorte!

05 agosto, 2016

Seguir o Ritmo da Vida

Resultado de imagem para rhythm images

A vida é assim. Extraordinária.
É incrível quando percebemos a capacidade que temos de atrair para a nossa vida aquilo que mais queremos.  Tudo fica em sintonia.

Estou, finalmente, de volta! Até porque não se consegue fugir durante muito tempo das nossas verdadeiras paixões. A minha vocação é esta: escrever, ler, pensar acerca do mundo em que me insiro. Pelo menos, é assim que me sinto mais feliz e completa. Pode existir algum tipo de afastamento, por motivos de força maior ou de falta de tempo, mas é algo que está dentro de mim! E estou contente por voltar a este espaço. Tenho conseguido inserir a leitura de novo na minha rotina e sinto-me tão bem com isso!

Durante este período aprendi mais umas quantas lições e acredito que estou em constante crescimento e que as aprendizagens de hoje servirão como base para os tempos vindouros.

Uma coisa vos posso dizer: a vida encarrega-se de nós, mas nós também temos de fazer a nossa parte. E eu cada vez mais acredito que estou no caminho certo, que estou a reunir as ferramentas necessárias para ser uma pessoa capaz e sentir-me concretizada.

Passo a passo, é assim que funciona, seguindo o ritmo da vida e do nosso coração.

Até breve!


10 junho, 2016

Silêncio em dia de folga

O tempo é pouco, mas a vontade é muita. O quanto eu gosto de voltar aqui!
Estou de folga e, nestes dias, costumo ter uma urgência fora do normal para fazer coisas que nos restantes dias não consigo. Assim, vou delegando todas as tarefas e afazeres para os meus dias off

Hoje, apesar de me desdobrar para estar com as "minhas pessoas", estou numa busca incessante pelo silêncio. Não apenas silêncio enquanto ausência de ruído, mas um silêncio interior. A nossa mente consegue ser extremamente barulhenta, sabiam? E a minha está constantemente em actividade, a dar-me ideias, a manter-me alerta, a ser crítica e observadora. Quando isto acontece é o corpo que paga, inevitavelmente. E o meu corpo pede paz. Pede silêncio. Pede serenidade. 
Eu tirei-lhe isso, e ele ressentiu-se. A culpada sou eu, ou as circunstâncias da vida. O nosso corpo é  um reflexo do que sentimos e do que lhe fornecemos como alimento, seja este físico ou emocional.

É complicado gerir alguns sentimentos, controlar o desânimo, aceitar novas rotinas, novas regras. Continuo em busca do meu lugar, e vou lidando com todas as mudanças como forma de aprendizagem e de escada para o futuro, que só pode ser risonho e feliz.

Vou voltar a escrever tão cedo quanto me seja possível.
Promessa de mim, para mim. 

21 abril, 2016

Desejo do momento: um dia com 48 horas!

É disso que eu preciso. Não de dias maiores, como os de verão, mas de um dia com 48 horas.
Mais tempo, na realidade é disso que eu preciso!



Tempo? Sim.
Tempo para tudo, desde o mais essencial à mais básica das trivialidades. Preciso de tempo para estar próxima dos meus amigos (custa-me adiar constantemente uma mísera ida ao café ou um telefonema), tempo para conversar mais com a minha mãe, tempo para ir ao ginásio tranquilamente, tempo para cuidar de mim, tempo para acabar de ler um livro que tenho pendente, tempo para acompanhar o regresso da minha série do momento (Once Upon A Time), tempo para escrever no blog (queria tanto atualizá-lo com mais regularidade, são tantos os assuntos sobre os quais quero escrever), e, espantem-se, tempo para estar parada. É exatamente isso que leram: preciso de tempo para desligar, para ouvir o silêncio. Tempo para esquecer que o tempo existe e que somos cada vez mais reféns dos ponteiros do relógio.


«You will never find time for anything.
If you want time, you must make it.»
 Charles Bruxton


Por um lado, é tão bom estar ocupada. A sério. Há uns anos, quando estava desempregada, tinha tempo para tudo o que vos referi acima, mas não era tão feliz quanto sou hoje. Porque me faltavam propósitos, não me sentia útil. Nos últimos tempos tenho a sorte de estar a trabalhar e de me sentir bastante activa e estimulada a nível social. Não trocava isso por nada. Mas é claro que gostava que os dias tivessem mais horas para que eu conseguisse conciliar tudo aquilo que gosto na minha vida. Conciliar tudo não é fácil, cada vez mais as pessoas têm horários incompatíveis entre si. Mas quando há vontade aproveitam-se todos os "furos" na agenda para incluir o que é importante para nós. 

Hoje, por exemplo, estou de folga. Já fui uma hora ao ginásio, agora estou a escrever no blog (o que por si só já me deixa extremamente feliz e realizada), e mais tarde, possivelmente, vou dar mais atenção às pessoas que amo e (será pedir muito?), ver um episódio de  Once Upon A Time?!

E vocês, como gerem o vosso tempo livre?
Têm dias muito ocupados? Como conciliam todas as tarefas?

Obrigada por continuarem a visitar o Luz e Poeira e por todos os vossos comentários!

15 abril, 2016

Coincidências?!

«As coincidências às vezes são soluções que a vida encontra
para mudar o rumo da história.»


Destino? Intervenção divina? Uma mera coincidência? A vida é assim, toma-nos de surpresa, assume as rédeas do tempo presente. E nós ficamos atónitos a pensar em como a situação se desenrolou. Fomos parte integrante dessa mudança, é certo, mas parece tudo tão irreal que quase foge ao nosso alcance.
Cada vez mais me convenço de que as coincidências não existem. Tudo tem o seu propósito, tudo acontece com uma finalidade. Eu tenho provas disso. Uma simples acção, totalmente inconsciente, pode desencadear uma espiral de acontecimentos imprevistos. 
Por vezes o esforço é em demasia, tanto que não damos conta de que tudo tem o seu tempo determinado. Há que deixar os acontecimentos surgirem naturalmente. Pode levar tempo, é certo, mas, quando chega a hora, é possível presenciar grandes mudanças.


Não há coincidências. Tenho a certeza.

06 abril, 2016

Quando os programas de TV são doentios

Tive de mudar de canal. Há limites. Abordem temas interessantes, culturais, de iniciativas, de casos de sucesso, de novos artistas, de feitos inspiradores, de conquistas, de viagens, de humor. É disso que precisamos. As pessoas não querem ouvir falar de doenças. Eu, pelo menos, não gosto. Faz-me mal. É doentio. Tem uma carga muito pesada. Deixa-me incomodada, preocupada, assustada. Os programas de entretenimento deviam fazer isso mesmo: entreter, distrair, aliviar as tensões do dia-a-dia, e não produzir o efeito contrário nos telespectadores. Qual é a pessoa que depois de um dia de trabalho cansativo se sente bem ao chegar a casa e ser bombardeado com testemunhos de pessoas que sofrem de doenças graves? Atenção, não estou a falar de um caso. Num único programa, e pelo que fui ouvindo enquanto fazia outras tarefas, contabilizei três casos, três doenças diferentes, isto no espaço de duas horas. Depois disso tive de desligar, apesar da televisão só estar a servir como barulho de fundo. Mas, convenhamos, até assim me senti desconfortável.

Gettyimages
Sou a favor da população estar informada sobre estes assuntos, e é claro que os media têm o dever de prestar serviço público, mas vamos dosear isto um pouco! Concordo, e sou espectadora, das acções de sensibilização e alerta para as mais variadas doenças. É importante consciencializar as pessoas através de campanhas de prevenção, mostrar-lhes quais os principais sintomas a ter em conta e quais as novas terapêuticas. Excelente. Isso é informar. O resto é esmiuçar o tema, é mexer com o dedo na ferida, é explorar a dor das pessoas, é propagar um contágio de ideias negativas.

Ao invés disso, falem de saúde, de alimentos que curam, da prática de exercício físico, ou então de música, de bons livros, de peças de teatro, de amizade e de amor. Afinal, é isso que faz as pessoas felizes e cultas. Estes programas são mais direccionados para a população idosa, eu estava a ver por mero acaso. Felizmente tenho vários canais ao meu dispor, cada um com a sua temática, mas as pessoas mais velhas provavelmente não têm. Estão restringidas aos quatro canais generalistas, o que significa que vão estar a ouvir falar disto praticamente todos os dias e a focar a sua atenção em doenças. 
E não, não sou insensível perante os problemas dos outros, quando digo isto estou a pensar também nas pessoas que já sofrem de alguma patologia e que, com certeza, se querem abstrair disso.

Resumindo e concluindo: que haja informação, mas que não afundem as pessoas na desgraça. Os programas de televisão devem funcionar como um escape à vida, que por vezes pesa e dói, eu sei. Por isso, há que torná-la mais leve.

30 março, 2016

Oops, fugi da dieta! Como evitar os excessos?

Dei uma pausa na minha alimentação regrada, admito. E agora? Bem, é sempre altura de retomar os bons hábitos alimentares, por isso, e com base nas minhas próprias asneiras, reuni três dicas para manter o foco na dieta. Acho que vou reler isto sempre que um gelado de noz chamar por mim.

1º Mandamento:  Não dirás que "é só hoje"
Digo tantas vezes esta célebre frase. Até seria aceitável se fosse verdadeira e se restringisse a um só dia. Acontece que a maioria das pessoas a vai repetindo todos os dias, e todos os dias se aproveita desta desculpa para comer algo adicional.

2º Mandamento: Se sabes que vais comer algo descontroladamente, não proves sequer o primeiro pedaço
Eu sou assim. Consigo estar um mês sem comer chocolate, mas se por acaso me predisponho a comer apenas um quadradinho, não consigo. Só descanso quando como mais de metade da tablete. E aí está tudo estragado, mais vale manter as tentações afastadas e não abrir excepções. 

3º Mandamento: A comida não será o refúgio para as tuas emoções
Quantas vezes comemos um chocolate porque estamos tristes? Quantas vezes tratamos a comida como refúgio? Qualquer ocasião parece perfeita para abusar da comida, desde as épocas festivas até aos momentos de tédio. O melhor a fazer nestes casos é canalizar as emoções para outras actividades igualmente prazerosas.

www.vilamulher.com.br
Tudo isto para fazer um balanço dos estragos que tenho feito nos últimos dias a nível alimentar e definir alguns limites. Comi há cerca de cinco horas (comecei a escrever este post à 1h da manhã) e o meu estômago ainda está às voltas. Só por isto dá para ter uma ideia do quanto o tenho massacrado nas duas últimas semanas. Por que é que saboto sempre a minha alimentação saudável? Não me preocupo somente com a questão estética, mas também com a minha saúde. Conheço-me tão bem que sei quais são os meus pontos fracos neste campo. Agora só falta usar esse conhecimento a meu favor e manter o estilo de vida a que me propus. 

Posso usar a típica desculpa da Páscoa e dizer que os responsáveis por ter saído da linha são as amêndoas, os ovos de chocolate ou os bolos fintos. E, em parte, até são. Mas se os doces estão ao nosso alcance durante todo o ano, por que é que há todo este descontrolo alimentar nestas alturas? Quase ninguém consegue dizer que não. As pessoas permitem-se a estas extravagâncias que muitas vezes são um verdadeiro atentado ao nosso corpo. Não julgo ninguém, porque eu própria me incluo neste grupo, o que não me deixa lá muito satisfeita comigo mesma.

Há três anos passei de sedentária com hábitos alimentares reprováveis para uma adepta de caminhadas ao ar livre. Ganhei gosto pelo exercício físico e o ano passado decidi entrar para o ginásio, que frequento três vezes por semana. Corrida e musculação são os meus exercícios de eleição. Acontece que o exercício não é o suficiente para atingir o objectivo da perda de peso. Se assim fosse, tudo seria bem mais simples. Qualquer pessoa tolera uma hora de cardio no ginásio, o verdadeiro desafio são as restantes 23 horas em que estamos entregues às variações de humor, aos apetites repentinos, às prateleiras dos hipermercados. Isto sim é difícil: resistir aos impulsos e manter o foco. O factor psicológico tem uma grande influência, já para não falar da nossa cultura, que encara a comida como recompensa.

28 março, 2016

É desta: Vou começar a fazer compras online

www.zara.com
Aproveitei o meu dia de folga para ir às compras e, para variar, já estou arrependida. Será possível que as idas ao shopping me saiam sempre tão frustradas? Queria atualizar o meu guarda-roupa com algumas peças-chave da estação, até perdi algum do meu tempo nos sites oficiais das lojas para ter uma ideia prévia do que podia encontrar e ir logo fazendo uma selecção do que pretendia. Faço tudo para tornar breve a minha ida aos shoppings. Por mim chegava, ia directa à loja, pegava na peça, pagava e vinha embora. Podem entender o por quê desta filosofia aqui: As temíveis idas ao centro comercial. Acontece que quando chego às lojas não existem metade dos artigos que vi online. Nada de blusas com tiras, nada de saias com franjas. Padrões, nem vê-los. Tive sorte porque comprei três blusas (com promoção de lançamento) e uns óculos de sol (que levo para chorar quando penso que me desloquei ali em vão e que podia ter comprado tudo pela internet). Agora resta-me procurar as peças que mais gosto e encomendá-las. Ah, se eu soubesse isto de antemão!

Como são as vossas idas ao shopping? 
Encontram sempre o que procuram? Passam lá horas ou são como eu?

27 março, 2016

Pessoas que fazem o meu dia

Obrigada. É só isso que me apetece dizer e, se por acaso não o expressei verbalmente, tenho a certeza que o meu olhar se encarregou disso por mim. É reconfortante saber que alguém possa sentir a minha falta, que alguém se tenha lembrado de mim enquanto estive ausente. É maravilhosa a maneira como se criam vínculos entre as pessoas, como por vezes surge uma empatia mútua, quase terna, entre nós e os outros. Há pessoas que têm a capacidade de fazer os nossos dias melhores. Gosto tanto de estar perto dessas pessoas. São cheias de luz, de energia, de boa disposição, pessoas cheias de simplicidade, de sorrisos, com cuidado no modo como tratam os outros. As pequenas acções são as que têm mais impacto, acreditem. Provocam sorrisos inesperados, entendimentos, compreensão, criam parcerias, acalentam-nos. Há pessoas que fazem o meu dia. Motivam-me a continuar, a ser melhor, a perceber que se calhar todo o esforço vale a pena. Transmitem-me tudo isto sem dizer uma palavra, mas eu sinto-o. A todas elas, o meu obrigada por serem tão carinhosas e deixarem uma marca positiva na minha vida. Também eu não vos esqueço.

Vocês são as minhas pessoas preferidas.

26 março, 2016

Posso maquilhar-me em paz?

Muito se tem falado de maquilhagem. Enquanto surgem movimentos na internet que mostram famosas sem ela ("Sou linda sem #makeup") vejo a notícia de uma mulher a maquilhar-se antes de dar à luz, na maternidade. Este é um assunto um pouco polémico e acho importante que não se criem mais preconceitos em volta dele.

Na minha opinião, usar maquilhagem é uma questão de escolha. A mulher tem livre arbítrio para decidir se anda de cara lavada ou se prefere pintar os olhos e usar batom. Nos dois casos a mulher deve ser respeitada. Sim, porque neste tema as opiniões são muito divergentes. Ora se diz que a primeira é desleixada como se diz que a outra só é bonita porque tem a cara cheia de base. É difícil ficar bem nesta fotografia, já repararam?

Eu admiro as mulheres que não usam maquilhagem, mas eu não sou capaz de abdicar desse ritual. Maquilhar-me já faz parte da minha rotina diária desde a época em que estudava no secundário. Comecei, timidamente, pelo blush e máscara de pestanas, depois aderi à base, e com o avançar dos anos o meu interesse pelas técnicas e produtos de maquilhagem foi crescendo. Até hoje. Sigo vários canais de beleza no YouTube e assisto a tutoriais que nos ensinam a fazer o contorno do rosto com pó bronzeador e a disfarçar as imperfeições. A maquilhagem, usada na medida certa, realça a nossa beleza natural, e acho errado associá-la a futilidade.


É importante referir que há mulheres que se maquilham porque gostam, porque se preocupam mais com a imagem, e outras que o fazem porque precisam. Sofrem de acne, têm manchas, cicatrizes, ou olheiras mais escuras. Nestes casos é de louvar a vasta gama de produtos que o mercado oferece. No geral acho que a maquilhagem é uma ferramenta útil e que está a nosso favor. Só se deve ter cuidado para não exagerar. Há uma maquilhagem adequada a cada ocasião. E, apesar dos prós, a mulher não deve tornar-se refém da maquilhagem a ponto de não ir à padaria sem estar pintada. Até porque, vamos admitir, às vezes é cansativo.

22 março, 2016

O despertar de Bruxelas para os atentados

É muita poeira para um mundo que deveria ser de luz.

Aconteceu outra vez. Está a acontecer com demasiada frequência. Hoje foi a vez de Bruxelas, considerada o coração da União Europeia. A cidade despertou com o rebentar de bombas, o aeroporto e o metro foram os alvos escolhidos para mais um atentado terrorista. É isto que me assusta: ser "mais um" a somar a tantos outros que têm sido perpetrados , em maior ou menor escala. É inevitável pensar na segurança dos cidadãos europeus. O número de vítimas mortais já ultrapassa as três dezenas e mais de 200 pessoas ficaram feridas. Estamos a falar de inocentes, do cidadão comum que está a dirigir-se para o trabalho, que vai viajar, que está a regressar a casa. Pessoas com uma rotina como a minha, como a nossa, que é brutalmente interrompida pelas ideologias e actos macabros de um grupo terrorista. 

Imagem retirada do Twitter
Os ataques já foram reivindicados pelo auto-proclamado Estado Islâmico, o mesmo autor dos atentados de Paris no ano passado e mais vulgarmente conhecido por Daesh. O Daesh quer espalhar o terror no Ocidente e usa-se de uma religião estrategicamente modificada para justificar as suas acções. São bárbaros e começam a ganhar terreno, estão a conseguir ferir-nos. Na altura do atentado de Paris, em novembro, procurei informar-me acerca deste grupo e fiquei horrorizada. A frieza, a crença cega, o radicalismo, o planeamento, a retaliação, os recrutamentos, a tortura aos prisioneiros. 

Nos noticiários fala-se de uma ameaça global, o que significa que qualquer país, qualquer pessoa, pode vir a ser atingida por acontecimentos desta natureza. Isto obriga-nos a pensar seriamente na questão da liberdade e da segurança. O clima de incerteza e insegurança está a instalar-se aos poucos, nomeadamente nas grandes capitais e em locais onde existem grandes aglomerados de pessoas. O plano e atuação dos terroristas são estratégicos. Há várias mensagens subliminares. Hoje, em Bruxelas, atacaram a estação de metro mais próxima das instituições europeias, o que pode simbolizar um aviso/ameaça aos mais altos dirigentes e chefes de estado. Em Paris, o alvo foi o modo de vida ocidental, a nossa cultura e formas de divertimento. Além disso, parece existir uma relação causa-efeito. Há uma espécie de retaliação. Os atentados ao Bataclan (Paris) ocorreram depois do assassinato de Jihad John (carrasco do Daesh) e, agora,  quando a Bélgica e a Europa respiravam de alívio após a captura de Salah Abdeslam, o pior acontece. 

21 março, 2016

Como surgiu o meu livro de poesia?

Hoje é o Dia Mundial da Poesia! Ah, a poesia. Uma forma de expressão tão única, cheia de peculiaridades, que abarca tanto sentimento!
O meu primeiro livro de poesia foi publicado em novembro de 2013. Dei-lhe o título de "Amor à Letra", que representa bem a minha relação com as palavras, e escrevi-o sob um pseudónimo (Bella Viriato). Só por aqui se percebe a admiração que nutro pelo poeta Fernando Pessoa. É uma das personalidades que mais admiro, e ainda hoje penso como seriam as nossas conversas caso tivesse tido o privilégio de o conhecer. 

Mas como surgiu o meu livro de poesia?
De um blog. Simplesmente assim. E da necessidade de me expressar através da escrita.
Alimentei um blog privado durante alguns anos e era aí que escrevia poemas e pensamentos mais intimistas, ao contrário do que faço agora com o Luz e Poeira. Um dia decidi reunir alguns deles, melhorá-los, e uma editora de poesia aceitou publicá-los. No fundo, o livro é uma compilação de uma escrita poética que fui acumulando com o tempo. O que estava reservado só para mim passou a ser público e acessível a todos. A poesia é uma arte muito pessoal, diz muito de quem a escreve. Mas é moldável, adapta-se facilmente a diversos leitores. É interpretativa. A poesia, antes de ser escrita, já o é, só de ser pensada e sentida. Aceito a ideia de um artigo jornalístico desprovido de sentimento, mas não concebo a ideia de um poema sem alma. 


No dia da apresentação do livro pude contar com a presença de pessoas muito especiais para mim. Para além da família e amigos, convidei o meu professor de Português do 3º ciclo, que muito admiro, para apresentar o livro. Pude contar com a intervenção do responsável da Biblioteca Municipal de Portalegre e com o Grupo "Os Amigos da Poesia", que conferiu ainda mais encanto ao momento. Ser-lhes-ei sempre grata.

18 março, 2016

Migração para o digital: um jornalismo mais económico


Os problemas de financiamento, a falta de investidores e a crescente era digital estão a obrigar os jornais a restringirem-se ao online. Exemplos disso são o jornal espanhol El País, que está a apostar numa transformação digital, e o Diário Económico, que publicou hoje a sua última versão em papel. As dívidas, o atraso nos pagamentos e a instabilidade directiva conduziram a este desfecho. A partir de hoje, o jornal  pertencente à Ongoing fica restrito à sua edição online, mantendo, ainda, as emissões do canal ETV. Fundado em 1989, o Diário Económico passou por fases de crescimento, e é considerado um jornal de referência em Portugal.

No site, assim como na versão impressa, pode ler-se uma mensagem de agradecimento dirigida aos trabalhadores, leitores e anunciantes, e a esperança de que esta seja uma situação temporária. 
Muitos são os funcionários que continuam a assegurar o conteúdo jornalístico e editorial do projeto apesar da situação precária em que se encontram. Aproveito para fazer referência à publicação de um vídeo que retrata a rotina na redação: as reuniões, a escrita dos artigos, a definição da manchete e a impressão do jornal, que hoje cessa. Como licenciada em Jornalismo, e enquanto cidadã atenta, sinto a informação mais empobrecida com estes acontecimentos. Trata-se de um retrocesso causado pelo progresso. É praticamente uma perda, uma extinção parcial. Para mim, é grave. Não só a situação financeira em que o jornal se encontra como a possibilidade de mais publicações lhe seguirem os passos em situações semelhantes. São muitos os jornais que enfrentam estas dificuldades, este não é um caso isolado. Estamos a assistir a uma mudança de interesses e este é um sector cada vez mais concorrencial. A internet, apesar de não ser a vilã neste caso, está a criar novos hábitos e a conseguir alcançar mais leitores. Considero notável a faceta camaleónica dos media, a adaptação ao mercado emergente das redes sociais e da tecnologia. Por outro lado, também a publicidade, uma das maiores receitas dos jornais, está a dispersar para plataformas mais "populosas" e a criar o seu próprio espaço, independente. 

Tendo em linha de conta este caso, espero sinceramente que não se abandone um modo de informar tão tradicional como o jornalismo de imprensa. O cheiro do jornal, as páginas, o próprio folhear... Até que ponto não está a ser exponencialmente substituído pelos cliques e pelos ecrãs? A tendência é o digital, e não censuro. Acho a internet um mundo sem limites, com grande capacidade  de projecção e visibilidade. Mas admito que temo o dia em que haja uma migração total para estas plataformas. Espero um futuro em que os leitores mantenham a possibilidade de escolha, em que a pluralidade seja assegurada e acessível a todos.

O Diário Económico é líder de vendas no segmento de Economia e o site economico.sapo.pt recebeu, só em janeiro, mais de 7 milhões de visualizações.

11 março, 2016

The Revenant e o Óscar de DiCaprio

Consegui, finalmente, ver o filme que valeu o Óscar de Melhor Actor a Leonardo DiCaprio. Ele também dirá o mesmo: «finalmente».
Antes de começar a desbobinar a minha opinião, puramente amadora, acerca do filme, tenho de escrever umas palavras acerca deste Óscar "tardio". O inatingível óscar de DiCaprio era já imagem de marca na internet e motivo de piadas em sites humorísticos. A verdade é que, após cinco nomeações, o actor foi distinguido com o almejado prémio! Vejamos: foram necessárias brilhantes interpretações e cerca de 25 anos de carreira até DiCaprio ser reconhecido pela academia dos Óscares como Melhor Actor. 
Usando-o como cobaia, isto faz-me pensar na determinação e perseverança que devemos ter na vida. O sucesso não é um resultado imediatoÉ natural falhar, mesmo quando se dá o melhor que há em nós. Muitas vezes queremos tudo para ontem, temos pressa, mas há todo um trajecto a percorrer. Às vezes tão sinuoso como o de Hugh Glass, neste filme. Em jeito de reflexão, o Óscar de Leonardo DiCaprio simboliza todos aqueles que ainda não atingiram os seus objectivos, mas que continuam a lutar pelo reconhecimento do seu trabalho.

Está feito o discurso, vamos agora ao que interessa: Acção!

Filme - The Revenant
(Pode conter spoilers)

www.imdb.com
Inspirado em factos reais, o filme baseia-se numa história de sobrevivência e vingança. Leonardo DiCaprio interpreta Hugh Glass, um lendário caçador do século XIX, que durante uma expedição pelas margens do rio Missouri é atacado por um urso e fica gravemente ferido.
O ataque provoca-lhe fracturas, impossibilitando-o de caminhar e, como é atingido pelo urso na zona do pescoço, só consegue emitir sons imperceptíveis. Numa época em que os ataques indígenas eram frequentes, transportar o inválido Hugh Glass atrasa o andamento da equipa e o mesmo acaba por ser abandonado pelos companheiros de caça. O explorador fica apenas entregue a dois companheiros que, assumindo a sua morte como certa, estão encarregues de lhe proporcionar um funeral digno. Contudo, o seu parceiro John Fitzgerald começa a comportar-se de forma desleal, chegando a enterrá-lo vivo e a levar os seus pertences. Mas a maior traição é outra: John Fitzgerald rouba-lhe o que tem de mais valioso. A vingança paira no olhar de Hugh Glass, que fica sozinho, ferido, e à mercê de um inverno rigoroso. É a partir deste ponto que começa a sua verdadeira luta pela sobrevivência. A personagem é dotada de uma força anímica brutal, que resiste às mais variadas intempéries, e que, simultaneamente, dá provas de grande inteligência e perícia perante as adversidades.

E o que dizer da interpretação de Leonardo DiCaprio? Intensa, profunda, real. Desde a caracterização física, que lhe conferiu maior robustez, à maneira como se move e se expressa. Conseguiu transmitir-me ferocidade, angústia, resiliência, compaixão. Mostra destreza nas cenas de acção e só o facto de mal conseguir falar, é um feito. O peso das palavras é substituído pelo das expressões. É muito mais difícil comunicar assim. E DiCaprio consegue manter a história viva só através da linguagem corporal. Uma das cenas que mais me marcou foi quando assiste a uma atrocidade dirigida ao filho. É possível ver dor e raiva no seu olhar, toda a expressão facial se altera e quase encarna um louco, apesar de não se mover um milímetro devido aos ferimentos. O ranger de dentes, a respiração. A própria luta com o urso e, no final, com Fitzgerald, revelam uma excelente capacidade interpretativa.


Houve outra cena que captou a minha atenção. Ao aperceber-se que uma tempestade vem a caminho, Hugh Glass abriga-se dentro de um cavalo, que antes abriu e esventrou. Uma cena que considero realística e que é prova do instinto de sobrevivência humano. De resto, fiquei maravilhada com os cenários naturais do filme: as árvores, as montanhas, a neve e os rios, a própria luz que incidia na acção. É marcante o contraste do sangue derramado com o branco imaculado da neve. Não foi por acaso que Emmanuel Lubezki venceu o Óscar de Melhor Fotografia com este filme. A meu ver, "The Revenant" só peca pela duração, que é de 2 horas e meia. Se retirassem meia-hora, pelo menos, acho que o essencial da história se mantinha. Também achei que as tribos indígenas deveriam ter sido mais exploradas durante o filme, mas pelo que tenho lido já percebi que "The Revenant" é muito centrado na figura principal (Hugh Glass), tanto que as informações acerca dos próprios companheiros também são escassas.
Na minha opinião, o filme explora o carácter humano em diversos níveis. Começando pela descoberta de territórios e pelo instinto da caça, passando pela dor da perda e desgosto da traição, e culminando na solidão, na vingança, na capacidade humana de resistir a situações tão inóspitas.


"The Revenant" foi dirigido por Alejandro Gonzaléz Iñárritu, que venceu o Óscar de Melhor Director. As gravações decorreram no Canadá, EUA e, numa fase final, na Argentina. A jornada de Hugh Glass foi, igualmente, distinguida com o Globo de Ouro de Melhor Filme Dramático. 

08 março, 2016

Mulher

Ser Mulher é ser forte e ser frágilé ter medo e vencê-lo com a coragemé sentir tudo, de todas as maneiras. É ser luz, é ter fé no amanhã, é pensar em tudo o que está ao seu redor. Ser Mulher é rir a chorar e chorar a rir. É beleza, mistério, paixão. Garra. É ter segurança e amor-próprio, é ser conselheira. É amar de uma maneira diferente, tolerar, desculpar, sacrificar-se. Ser Mulher é ultrapassar frustrações, reerguer-se e afirmar-se. É ser exploradora do melhor que há em si. Ser Mulher é ser paciente e impulsiva. É ter a capacidade de liderar a si mesma. É ser merecedora de respeito e atenção, é ser obra-prima de Deus. Mulher é o berço da vida. É determinação, aventura, riso e receio. É esperança, delicadeza, é vontade de mudar o mundo. Mulher é cega quando ama, verdadeira quando mente, sincera quando esconde. Mulher é comunicação, é razão, raciocínio contínuo, emoção. É ser feminina e complicada. É ser deslumbrante. Mulher é ser independente, mesmo quando tantos dependem de si.

Estas são algumas características intrínsecas à Mulher. Mas para quê tantas definições?
Afinal, Mulher é quem se sente como tal!

Foram muitas as mulheres que tiveram um marco importante na História, e até podia ter escrito acerca delas, mas preferi algo mais pessoal. Afinal de contas, basta olhar para o lado, no tempo presente, para ver quantas mulheres maravilhosas fazem parte dos nossos dias.
As Mulheres da minha vida são particulares, cada uma com a sua personalidade. Ora forte e carinhosa, ora frágil, mas batalhadora. Uma, dedicada de corpo e alma a tudo o que faz, para além dos próprios limites. Outra, confiante, guerreira, luminosa. Espero um dia conseguir transmitir a alguém tanta energia como elas me transmitem. Admiro-as de diversas formas, inspiram-me e contribuem para a minha própria construção como Mulher.

Que sejamos felizes, que sejamos amadas, que sejamos autênticas.
Que sejamos justas, competentes, afectuosas, lutadoras.
Que o amor e a intuição, que tanto nos caracteriza, seja o nosso guia.
Que as emoções prevaleçam e que o nosso modo de comunicar abra portas a novas mentalidades.

Valorizem-se. Valorizem as Mulheres da vossa vida.
Feliz dia da Mulher!