11 novembro, 2016

Leonard Cohen. Até ao fim do amor.



A música tem perdido grandes nomes. Acredito, contudo, que a obra é imortal. Continua ao nosso dispor, seja através dos discos que se têm em casa, dos vídeos que pudemos ir resgastar ao Youtube, seja das músicas que ainda passam na rádio. O músico morre, mas a música permanece viva, e as memórias também. Acontece-me isso com Leonard Cohen, que deixou ontem este mundo, quem sabe dançando, na direcção do amor

Dance Me To The End Of Love, foi a música que me lembro de ouvir vezes e vezes sem conta durante a minha infância. A minha mãe é fã do cantor, aprecia-lhe a voz grave, rouca, a forma lenta e pausada de cantar. Por isso, no Natal de 2002 ofereci-lhe o disco "The Essential Leornard Cohen". Assim, quando fazíamos as viagens para a escola e de regresso a casa era esse o CD que tocava no carro. Esses trajectos ficaram, curiosamente, associados a essa memória musical como se um não existisse sem o outro. É curioso o facto de, enquanto criança de 11 anos, gostar de ouvir esse género de música, mas a verdade é que não me recordo de pedir à minha mãe para mudar aquilo que estava a ouvir. Não direi que me tornei tão fã do cantor como a minha mãe, ou que continuei a acompanhar o seu trabalho depois dessa fase, mas ganhei um carinho por Cohen e pela sua música. Sempre que ouvia falar de Leonard Cohen era como se ouvisse falar de um velho amigo que outrora já me tinha acompanhado. Ele fê-lo, através das suas músicas. 

Leonard Cohen, também escritor e compositor, morreu aos 82 anos. Viveu uns escassos meses após a morte de Marianne, a sua musa inspiradora, que faleceu em finais de julho. Na altura, Cohen despediu-se dela através de uma carta emotiva, em que referia estar próximo de Marianne e onde dizia que brevemente se encontrariam pelo caminho.
Num dos seus últimos temas o poeta canadiano dizia-se pronto para morrer - "I'm ready, my Lord" - mas acrescentou, mais tarde, que estava a dramatizar e que pretendia viver para sempre. Decerto viverá. Até porque o amor não se esgota aqui.

Ainda tenho de contar a notícia à minha mãe.

Nota: Já lhe contei. A resposta foi: "era a voz da minha vida."

 

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