17 novembro, 2016

O que aprendi ao estagiar no Diário de Notícias?


Há uns dias vi uma fotografia que foi partilhada na rede social Facebook e que me deixou, por alguns momentos, quieta, a pensar. Essa fotografia mostra parte da redação do jornal Diário de Notícias (DN) vazia. Quando digo vazia refiro-me a um vazio material. Não há secretárias onde elas costumavam estar, faltam os computadores e os telefones... mas as pessoas ainda estão lá. Os jornalistas, a essa data, cumpriam o último fim-de-semana de trabalho naquele edíficio. Soube há algum tempo que a redação do DN iria abandonar o emblemático prédio da Avenida da Liberdade, nº 266, e mudar-se para as Torres de Lisboa, onde o espaço será partilhado com a equipa da TSF, também pertencente à Global Media Group. Fiquei um tanto ou quanto espantada com a notícia. Não duvido que possa ser o melhor em termos de interacção entre equipas e em termos de rentabilização, mas na minha visão sobre esta mudança, e porque não a vivo em primeira pessoa, as memórias falam mais alto. Sempre associei o Diário de Notícias àquele edifício. Quem não? Quanta história, quanta importância... a fachada tão característica que podia ser vista por todos quanto passavam pelo Marquês de Pombal. Confortou-me o facto de saber que os novos proprietários do edifício o vão manter o mais fiel possível, a própria referência ao nome do jornal no topo da fachada, permanecerá. Como eu digo, é história. Antes de passar ao verdadeiro propósito deste post quero, ainda, referir, outro aspecto que me chamou a atenção na dita fotografia. Reconheci poucos. Passaram-se três anos desde o meu estágio no DN e vejo que, de lá para cá, muita coisa tem mudado. Soube que o meu editor (secção de Segurança), já enveredou por outra área, o sub-director Nuno Saraiva faz hoje parte do Gabinete de Comunicação do Sporting, entre outros casos. Surpreendeu-me olhar para a fotografia e reconhecer apenas alguns jornalistas do "meu tempo". 

Feito isto, e porque são algumas as memórias que guardo do DN, nº 266 da Avenida da Liberdade, resolvi escrever acerca do que aprendi a estagiar nesta redacção. 

Por vezes, o nosso trabalho vai para o lixo. Esta frase não é minha, foi-me dita pelo meu editor, na altura. Soube o seu significado da pior forma, mas depressa percebi que é algo normal e que pode acontecer a todos, não só a jovens estagiários. Numa manhã tinha sido enviada para o Cais do Sodré, mais propriamente para a estação de comboios onde tinha ocorrido um descarrilamento que estava a provocar atrasos. O objectivo era recolher testemunhos por parte dos passageiros e até dos funcionários. Fiz o meu trabalho, voltei para a redacção e escrevi o artigo, tendo em conta o espaço que tinha disponível para ele. Estava empolgada por ver um artigo meu nas páginas do DN. Contudo, no dia seguinte, quando abro o jornal, na própria redacção, não o encontro em lado algum. Questionei o meu editor e o mesmo respondeu-me com a frase que dá início a este tópico. Simples assim. Surgiu algo mais importante, entretanto, e o meu artigo teve de "cair". Se todo o trabalho foi em vão? Teoricamente, sim, porque só eu e o meu editor é que tivemos acesso aos dados que recolhi. Na prática foi mais uma oportunidade de sair da redacção ao encontro da notícia e de me aprimorar na escrita de notícias. 

Como funciona uma redacção. Neste aspecto, eu tinha uma ideia errada acerca do ambiente nas redacções. Pensava que os jornalistas eram pessoas muito sérias, e são, no desempenho do seu trabalho, mas descobri uma redacção muito familiar, com um ambiente de trabalho convidativo, bem-disposto, de entre-ajuda. A comunicação é constante, entre nós e com o exterior. Foi bastante pedagógico assistir a debates entre jornalistas sobre o imediatismo, sobre a confirmação com as fontes, sobre o melhor título para uma dada notícia. Aprende-se muito com a observação, acreditem. Fica-se a saber imenso sobre a rotina jornalística.

A importância de conhecer as fontes. A eterna relação entre o jornalista e as fontes! É mais difícil para um estagiário construir uma relação com as fontes em comparação com um jornalista que tem mais de dez anos de casa. As fontes conquistam-se ao longo do tempo através de confiança e da isenção do nosso trabalho. É muito importante saber que fontes contactar tendo em conta a natureza do acontecimento. Procurar fontes credíveis, saber confrontar os dois lados de uma história. Esta é a conjugação de uma notícia, se assim não for ela acabará por ter um carácter tendencioso. 

Há falsos alarmes. Um dia, tinham recebido de um leitor a informação de que havia um grande incêndio em Telheiras, um bairro de Lisboa. Segundo o leitor, haveria muito fumo e muita gente no local. A minha função era ligar para os Bombeiros Sapadores de Lisboa para confirmar a notícia e saber mais pormenores sobre o dito incêndio. Feito o contacto com os bombeiros, a resposta do outro lado foi de que não havia incêndio nenhum, nem em Telheiras, nem em Lisboa. Aqui está, a importância de confirmar a informação.

A enfrentar um desafio sozinha. Duas semanas antes do meu estágio terminar recebi um grande desafio: escrever um artigo sobre o uso indevido do telemóvel na condução. Esse artigo tinha uma data para estar pronto e eu comecei logo a trabalhar nele. Seleccionei as fontes que achei pertinentes, entre as quais a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), a GNR, a PSP, bem como o presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa e a Associação de Cidadãos Automobilizados. Tive de esperar alguns dias para receber dados estatísticos por parte da ANSR e, entretanto, o meu editor ausentou-se da redacção durante três dias. Eu já tinha bastante informação, mas precisava de orientações, precisava de saber se estava a abordar o tema como devia, se a notícia tinha um fio condutor. Mas, de facto, eu não podia parar, mesmo sem ter um feedback, até porque o prazo de entrega já estava próximo. Então, decidi ir para a rua e falar com pessoas, condutores, ao mesmo tempo em que compilava algumas informações que estariam nas caixas adicionais da notícia. Resultado: correu tudo bem. O meu artigo foi aprovado pelo editor, foi publicado com o meu nome, ocupou a primeira página do jornal e ainda serviu de alavanca para que a notícia fosse divulgada, também, pelos jornais televisivos. Foi uma grande vitória pessoal e guardo essa edição do jornal religiosamente até hoje. Mesmo com contratempos, é possível. Muitas vezes é um teste à nossa capacidade de enfrentar as situações.


Conclusão. Durante os três meses enquanto aprendiz e estagiária no Diário de Notícias senti a satisfação que é sair da redacção para o terreno, aprendi a evitar chavões como “ilícitos criminais”, consegui “puxar” o que é notícia logo para o primeiro parágrafo do texto e tornou-se ainda mais claro que tudo o que se escreve em jornalismo deve ser sustentado por fontes credíveis e não por ideias do senso comum. 
Percebi que o jornalismo me preenche e me faz sentir realizada; que não há horários para os jornalistas; que o trabalho, na maior parte das vezes, é árduo; que as fontes são essenciais para todo e qualquer trabalho e que é necessário escolhê-las bem; que apesar de todos os condicionalismos da profissão há quase sempre o cuidado de cumprir o código deontológico. 
Apesar da redacção do DN ser um espelho da actualidade e todo o trabalho ser fruto de contactos com o exterior, eu considero a redacção como um mundo à parte. Um mundo onde os esforços se concentram no serviço público, onde a prioridade é informar com qualidade e “em tempo útil”. A redação é um mundo que eu tive a satisfação, não só de conhecer, como de pertencer durante três meses, e que abriu de uma forma espantosa os meus horizontes e a minha perspectiva sobre a profissão de jornalista. 

Fotografias: www.dn.pt

14 novembro, 2016

A Super Desigualdade da Lua

foto: Kai Pfaffenbach/reuters - Alemanha

Às vezes, a vida, é semelhante à lua de hoje. Espera-se algo grandioso, radiante, fora do comum, extremamente peculiar, e depois vê-se o mesmo de sempre. O tamanho é quase o mesmo que o habitual, sem grandes realces. Pelo menos foi assim que eu a achei. Serão os meus olhos? Não terei olhado tempo suficiente? Foi no horário errado? É que, quem veja as fotografias divulgadas pela internet, eu incluída, fica maravilhado com tal contorno, nitidez, com a proximidade. Será a lua como a vida? Cheia para uns, um ponto distante para outros? 

A questão nem é a lua. É bela todos os dias. 

Isto vai mesmo directo para a etiqueta de Introspecção...

11 novembro, 2016

Leonard Cohen. Até ao fim do amor.



A música tem perdido grandes nomes. Acredito, contudo, que a obra é imortal. Continua ao nosso dispor, seja através dos discos que se têm em casa, dos vídeos que pudemos ir resgastar ao Youtube, seja das músicas que ainda passam na rádio. O músico morre, mas a música permanece viva, e as memórias também. Acontece-me isso com Leonard Cohen, que deixou ontem este mundo, quem sabe dançando, na direcção do amor

Dance Me To The End Of Love, foi a música que me lembro de ouvir vezes e vezes sem conta durante a minha infância. A minha mãe é fã do cantor, aprecia-lhe a voz grave, rouca, a forma lenta e pausada de cantar. Por isso, no Natal de 2002 ofereci-lhe o disco "The Essential Leornard Cohen". Assim, quando fazíamos as viagens para a escola e de regresso a casa era esse o CD que tocava no carro. Esses trajectos ficaram, curiosamente, associados a essa memória musical como se um não existisse sem o outro. É curioso o facto de, enquanto criança de 11 anos, gostar de ouvir esse género de música, mas a verdade é que não me recordo de pedir à minha mãe para mudar aquilo que estava a ouvir. Não direi que me tornei tão fã do cantor como a minha mãe, ou que continuei a acompanhar o seu trabalho depois dessa fase, mas ganhei um carinho por Cohen e pela sua música. Sempre que ouvia falar de Leonard Cohen era como se ouvisse falar de um velho amigo que outrora já me tinha acompanhado. Ele fê-lo, através das suas músicas. 

Leonard Cohen, também escritor e compositor, morreu aos 82 anos. Viveu uns escassos meses após a morte de Marianne, a sua musa inspiradora, que faleceu em finais de julho. Na altura, Cohen despediu-se dela através de uma carta emotiva, em que referia estar próximo de Marianne e onde dizia que brevemente se encontrariam pelo caminho.
Num dos seus últimos temas o poeta canadiano dizia-se pronto para morrer - "I'm ready, my Lord" - mas acrescentou, mais tarde, que estava a dramatizar e que pretendia viver para sempre. Decerto viverá. Até porque o amor não se esgota aqui.

Ainda tenho de contar a notícia à minha mãe.

Nota: Já lhe contei. A resposta foi: "era a voz da minha vida."

 

09 novembro, 2016

A piada ficou séria. Trump é Presidente.


A princípio achei a figura de Trump caricata. O facto de um homem com o seu perfil se estar a candidatar à Casa Branca era um acontecimento ao qual achava piada. Era uma espécie de bobo da corte. Em momento algum levei a sua candidatura a sério, não só por considerar Trump um megalómano, alguém com ideias muito loucas, mas devido a outros candidatos que, desde logo, me chamaram a atenção pela sua postura, ideais defendidos e credibilidade. Sempre acompanhei a corrida à Casa Branca como uma mera espectadora, ia ficando a par dos resultados e a par das barbaridades que este senhor Donald Trump cuspia. Era para mim difícil de acreditar no que ouvia, por vezes. As ideias xenófobas, a intenção de construir muros, de expulsar imigrantes, de humilhar pessoas com deficiência, a própria forma como encara as mulheres em pleno século XXI é de deixar qualquer pessoa abismada! 

É claro que nunca acreditei que os EUA o elegessem como presidente, na minha cabeça a sua progressão nas votações devia-se ao seu show business, as pessoas queriam ouvir as "trumpalhadas" que ele dizia aos media e rirem-se dele. Pelo menos, era o que eu fazia, era o que eu pensava. Repito: nunca pensei que o povo americano, com toda a informação e desenvolvimento de que hoje dispomos, fosse votar num homem destes. Estamos a falar de um povo que elegeu Barack Obama. O que mudou entretanto nos eleitores? Há quatro anos elegeram o primeiro presidente negro dos Estados Unidos da América, um homem sensato, humano, com valores morais; já hoje, dão o poder a um homem cheio de si, com ódios bem marcados, sem respeito pelas minorias, com ideias fora de série para o mundo actual. É inacreditável esta escolha do povo americano. 

Mas atenção, não me espanta o facto de Donald Trump ter conseguido uma legião tão numerosa de apoiantes. Ele sabe falar, sabe mexer com as vontades ocultas das pessoas, dá voz ao pensamento dos que são como ele. Essas pessoas vêem-se representadas. Trump é tudo menos politicamente correcto. Soube cativar as pessoas menos instruídas e deu-lhes a volta com o seu discurso "Make American Great Again". Tenho de dizer isto, mas sempre que ouvia Donald Trump discursar e arrastar multidões para as barbaridades que dizia, lembrava-me de Hitler. Toda aquela lavagem cerebral, o recurso à manipulação, ao ódio gratuito. É de arrepiar, mas esta associação é bem real para mim. Cheguei a acreditar que ele não pretendia ser eleito, que tinha entrado na corrida para se auto-promover e que, entretanto, as coisas se tinham desenrolado melhor do que Trump alguma vez esperara. Será que o próprio acreditou desde o início que conseguiria tornar-se presidente dos EUA?

Hoje o mundo acordou em choque. Não só a América, mas o mundo. A nós, resta-nos esperar para ver o seu discurso, a sua posição face aos acontecimentos futuros, as medidas que tomará. No discurso de vitória o republicano afirmou que será presidente de todos os americanos e que quer promover a união. Vamos esperar. Mas uma coisa é certa: não sinto que a América - ou que o mundo - esteja bem entregue.

08 novembro, 2016

Como escolher o local de estágio | Jornalismo

Há cerca de 3 anos estava eu, muito possivelmente, a escolher o meu local de estágio. Estava a pouco tempo de terminar a licenciatura em Comunicação Social, no Politécnico de Coimbra, e até dezembro teria de informar a minha professora - e orientadora de estágio - acerca das minhas intenções e preferências de estágio. Nessa altura, é aliciante saber que existem grandes orgãos de comunicação social portugueses dispostos a receber-nos, todo um mundo de possibilidades se abre à nossa frente, a expectativa é muita. O estágio curricular é uma oportunidade única. É preciso agarrá-la bem e é preciso levar o estagio a sério. O estágio, apesar de não ser remunerado, simboliza a nossa entrada no mercado de trabalho, numa área extremamente saturada e cada vez mais impenetrável. Por isso mesmo, a escolha do local de estágio deve ser minuciosamente ponderada, algo que eu não fiz - e já explico o meu erro - e deve ser encarada como um verdadeiro trabalho. Eu sei, somos estagiários, na grande maioria dos casos estamos ali para aprender, para ter o primeiro contacto com a realidade que até então só tínhamos estudado, mas a verdade é que os profissionais da área esperam mais de nós. Esperam que sejamos mais do que aprendizes. Como já disse, o estágio curricular é a oportunidade de mostrar a nossa fibra, o nosso interesse, acreditem que o nosso modo de trabalhar e a nossa seriedade estão a ser avaliados. No meu caso, e uma vez que optei pelo percurso de Jornalismo e Informação, decidi fazer o meu estágio curricular num jornal generalista, o Diário de Notícias. Contudo, no meu curso existe também a vertente de Novos Media, que se relaciona com novos conteúdos, com vídeos, câmara, edição, entre outros. Neste caso o local de estágio será um seguimento da área que já foi previamente escolhida por nós, se eu decidi enveredar pelo jornalismo mais tradicional é mais lógico que estagiasse num jornal, enquanto que um colega que tivesse escolhido o ramo de Novos Media possivelmente se interessaria mais em estagiar num canal de televisão, em produção, por exemplo. Contudo, isto não é uma regra. Mas como se nota, logo nesta fase o nosso percurso profissional começa a direccionar-se para algumas áreas em detrimento de outras. 

Mas o que ter em conta quando se escolhe o local de estágio na área de Jornalismo e Comunicação?



1# A área com que mais te identificas. Rádio? Televisão? Imprensa escrita? Câmara e Edição? Produção e Realização? Aqui surge um vasto leque de opções e tu só tens de perceber com qual destas áreas mais te identificas. No meu caso, eu queria decididamente estagiar em imprensa escrita, fosse num jornal ou numa revista como a Visão ou a Sábado. Sempre soube isso porque o que me levou a estudar Comunicação Social foi a minha paixão pela escrita, que é uma das formas de expressão e informação com que mais me identifico. 

2# A importância de escolher um nicho. Esta é a dica que eu gostaria que me tivessem dado, e se calhar até deram, mas eu estava demasiado distraída nessa altura, digamos assim. O que é um nicho, em jornalismo? Um nicho consiste numa determinada temática que é abordada pelos media e cujo público apresenta necessidades particulares, ainda pouco exploradas. Pode-se considerar um nicho de mercado uma revista de moda, um jornal de desporto, um canal sobre tauromaquia, uma revista de culinária ou de caça. Como se pode ver são orgãos de comunicação que exploram temas em particular e que têm a capacidade de fidelizar o público que partilha esses mesmos interesses. Grande parte dos meus colegas que estão a trabalhar na área de formação estagiaram, coincidência ou não, em nichos de mercado. O mesmo não acontece a colegas que, como eu, integraram orgãos de comunicação mais generalistas. Foi este o meu erro.

3# Escolher uma área de especialização. Tendo em conta o tópico anterior já deu para ficar com a ideia de que é importante escolher uma área específica. Mas atenção! Se, tal como eu na altura, não têm nenhum nicho da vossa preferência, podem optar por um orgão generalista. Porque, caso não saibam, até nos generalistas existe uma especialização, uma diferenciação. No Diário de Notícias (DN), por exemplo, existe a secção de Sociedade, de Política, de Segurança, de Cidades... ou seja, os próprios jornalistas da casa têm uma secção na qual são especializados e na qual, muitos deles, adquirem formação. Por isso, há que ponderar também este aspecto. Existe sempre uma temática restrita dentro do todo da redacção. Eu estagiei na secção de Segurança do DN e lidava diariamente com casos de violência, homicídio, furtos, assaltos e todos estes assuntos de cariz mais pesado. É importante pensar bem antes de escolher a secção que vão integrar.

No geral, são estes três aspectos que eu considero relevantes e a ter em conta quando se decide por um local de estágio em Jornalismo. Olhar para dentro de nós, perceber qual é o nosso interesse, perceber em que área nos sentimos mais confortáveis e, ao mesmo tempo, mais desafiados. Depois de tudo isso estar interiorizado, é altura de fazer a escolha. Volto a referir que é essencial levar o estágio curricular a sério, é preciso trabalhar, dar o melhor de nós, ganhar a confiança dos orientadores de estágio, provar que não somos apenas mais um estudante no meio de tantos que saem dos bancos da faculdade. Se o estágio correr bem é meio caminho andado para se conseguir um lugar na empresa, mas o contrário também pode acontecer. Hoje em dias os orgãos de Comunicação Social estão com as portas semi-cerradas. Um ou dois estagiários podem ficar, mas a esmagadora maioria não terá essa oportunidade. Não é por falta de talento, de esforço, ou de trabalho, mas pela contenção de custos e pelo corte de recursos humanos que impera nesta área. Quando fui à entrevista de estágio no Diário de Notícias uma das primeiras coisas que o sub-director do jornal - na altura Nuno Saraiva - disse foi que a possibilidade de ficar na redacção era nula. É normal isto acontecer nos dias actuais. As portas abrem-se para os estágios, mas fecham-se para as contratações. Isso não pode ser um impedimento para quem vai começar agora. Acredito que, mais tarde ou mais cedo, quem se esforça será recompensado por isso. 


07 novembro, 2016

Livros? Não dá para virar a página!

Livros nunca são de mais. Há sempre um que queremos ler. Há sempre mais um que ficamos a namorar quando passamos pela livraria. Há sempre um novo e imperdível lançamento do nosso autor preferido. Há sempre um clássico que ainda não lemos e que não pode faltar na nossa biblioteca pessoal. Há sempre o livro certo para nós, naquele momento que é o agora.

Sou uma pessoa tão apaixonada por livros. Obrigada, mãe. Conforme dizes, foi desde pequena que me incutiste esta prática da leitura. Comecei por folhear livros infantis, cheios de desenhos e bonecos, depois fui crescendo e à minha estante foram-se juntando livros de outro género, mais direccionados para jovens crianças e adolescentes. Lembro-me perfeitamente dos livros que marcaram essa minha transição para o mundo dos "mais crescidos". Estou a falar das colecções de "Uma Aventura" e de "Os Cinco", obras certamente conhecidas da maioria que me lê. Lia tão rápida e interessadamente que em dois dias tinha o livro dado como lido. Que viesse o próximo. E veio sempre, um livro atrás do outro. Cresceu o interesse por outros enredos e por novos autores que fui conhecendo enquanto eu própria crescia, e a minha mente foi pedindo mais qualidade, o meu cérebro mais raciocínio. Houve uma época em que me rendi à saga de Harry Potter, de J.K. Rowling, (quem não?) li quatro livros, apesar de ter seis em casa. Escusado será dizer que no pico da minha adolescência fiquei presa a romances e até hoje, reconheço, é um dos meus géneros literários/narrativos predilectos. Quando me iniciei na leitura de romances comecei pelos famosos livros do escritor Nicholas Sparks. Hoje em dia, sou sincera, tenho dificuldade em voltar a ler algo do autor. Foram tantos os livros que li, um atrás do outro, que me apercebi que as histórias eram praticamente moldes umas das outras e acabei por me cansar um pouco desse estilo de escrita tão somente baseado no romance. Acredito que talvez daqui a uns anos eu possa dar outra oportunidade a Nicholas Sparks, que é sem dúvida merecedor de todo o sucesso que tem alcançado, mas que neste momento não satisfaz por completo as minhas necessidades enquanto leitora. Posto isto, e uma vez que deixei este escritor de lado, conheci outros, e é tão empolgante reconhecer que cada um tem o seu registo pessoal. Joanne Harris, Nora Roberts, Lesley Pearse, Dorothy Koomson, Jodi Picoult, Paullina Simons, são escritoras que me foram acompanhando até hoje. São extremamente talentosas e já me fizeram sentir tanto ao ler as páginas e as histórias que escreveram. Mais tarde, numa outra publicação, posso mencionar quais os meus livros favoritos de cada uma destas escritoras e fazer uma breve resenha deles.

Agora, em pleno ano de 2016, noto que o meu interesse literário está novamente a sofrer uma metamorfose. Se de há uns anos para cá já escolhia romances com uma boa trama de fundo e baseados em histórias reais, agora isso tem vindo a intensificar-se. Se houver um livro sobre guerra, catástrofes, causas humanitárias, muito provavelmente eu vou querer tê-lo. Não me refiro a livros de história "pura e dura", mas a romances cujo palco são momentos marcantes da história mundial. Esse enlace entre ficção e realidade é desafiador para o autor e bastante informativo para o leitor. 



Neste momento de viragem pessoal, e também literária, existem quatro livros que quero ter, desesperadamente, em cima da minha banca de cabeceira

"Toda a Luz Que Não Podemos Ver", de Anthony Doerr. Recebeu o Prémio Pulitzer 2015 - Ficção. Já tenho este livro, mas ainda não comecei a ler. Trata da II Guerra Mundial e dos ataques de Hitler. Mais não digo porque mais tarde pretendo escrever sobre o livro aqui no blog. 

"Vaticanum", de José Rodrigues dos Santos. Um livro sobre o Papa, a Igreja e o Estado Islâmico.

"O Diário de Anne Frank". Um clássico. O relato verídico de uma jovem que foi obrigada a esconder-se durante a ocupação Nazi a Amesterdão.

 "A Rapariga do Comboio", da autora Paula Hawkins. Um livro cheio de mistério e intriga que consegue agarrar o leitor do início ao fim. 

Possivelmente alguns destes livros serão os meus presentes de aniversário e de Natal, e como ficarei feliz! Costumam dizer que as viagens são um investimento que nos deixa mais ricos, eu concordo, e acrescento que o mesmo se passa com os livros. Um livro deixa-nos tão ricos, tão completos, tão conhecedores! Eu tenho, neste momento, dois livros para terminar de ler, mas como se nota já estou a acrescentar mais uns quantos à minha estante. Porque os livros são assim, são um amor que não tem fim.

06 novembro, 2016

À Procura de Dory | Filmes

Esta semana assisti ao filme "À Procura de Dory", que surgiu este ano como uma continuação do grande sucesso da Disney Pixar "À Procura de Nemo". Estava com vontade de ver o filme desde o momento em que soube que iria estrear. Tinha ficado com uma boa impressão do primeiro filme, que vi vezes e vezes sem conta, e achei interessante a ideia da Disney Pixar retomar a sequela de Nemo. Mal consigo acreditar que já se passaram 13 anos desde o lançamento do primeiro filme! Mas é curioso como a história inicial permanece recente na minha memória. Por isso estava com muitas expectativas para este filme que, apesar de ser de animação, é um dos meus géneros preferidos, independentemente da idade que tenha. "À procura de Dory" é um filme com cerca de 1h30m de duração e ao qual dou nota positiva. Não se pode dizer que seja um filme apenas para os mais pequenos, pelo contrário, penso que se adapta a qualquer idade. Considero um filme divertido, educativo, e emocional ao mesmo tempo. Resumindo: a nossa Dory, que sofre de perda de memória a curto prazo, vive tranquilamente com os amigos Marlin e Nemo, até que começa a lembrar-se, aos poucos, da sua família. Inquieta e aventureira como sempre foi, decide ir procurar os pais e arrasta os amigos para mais uma aventura que envolve buscas, novas amizades, e memórias do passado. Na nova sequela do filme grande parte da acção tem lugar num centro de recuperação para animais marinhos.


Escusado será dizer que Dory se vai perder de Marlin e Nemo e vai ter de enfrentar muitos desafios até conseguir encontrar a família, que se encontra na Jóia da Baía do Morro. Pelo meio, surgem novos personagens muito carismáticos e com os quais se cria facilmente afinidade, como é o caso do polvo Hank, que se revela um leal amigo, e da baleia Destiny com quem Dory volta a encontrar-se após tantos anos (finalmente está desvendado o mistério de Dory saber falar baleiês!). "À Procura de Dory" é um filme sobre a força da amizade e o poder de acreditar no nosso instinto. Existem pedaços do passado que nos chegam através de flashbacks e tenho de frisar a ideia do amor e da paciência maternos, que são personificados no filme através dos pais de Dory. É um seguimento muito inteligente e bem estruturado do filme de Nemo e é a oportunidade perfeita para nos apaixonarmos ainda mais pela divertida cirurgiã-paleta. Um filme que arranca emoções, que estimula a nostalgia, e que nos faz sorrir!

Nota: vi o filme em inglês, apenas com legendas em português, e é engraçado identificar em cada fala de Dory a voz da grande apresentadora Ellen DeGeneres. Mas, devo dizer que em "À Procura de Nemo"(2003) assisti à versão portuguesa e dou nota 10 ao desempenho de Rita Blanco como "Dory". Uma dobragem excecional da atriz!

Dados do filme:
Título: À Procura de Dory
Título Original: Finding Dory
Ano: 2016
Diretor: Andrew Stanton, Angus MacLane
Disney