08 novembro, 2016

Como escolher o local de estágio | Jornalismo

Há cerca de 3 anos estava eu, muito possivelmente, a escolher o meu local de estágio. Estava a pouco tempo de terminar a licenciatura em Comunicação Social, no Politécnico de Coimbra, e até dezembro teria de informar a minha professora - e orientadora de estágio - acerca das minhas intenções e preferências de estágio. Nessa altura, é aliciante saber que existem grandes orgãos de comunicação social portugueses dispostos a receber-nos, todo um mundo de possibilidades se abre à nossa frente, a expectativa é muita. O estágio curricular é uma oportunidade única. É preciso agarrá-la bem e é preciso levar o estagio a sério. O estágio, apesar de não ser remunerado, simboliza a nossa entrada no mercado de trabalho, numa área extremamente saturada e cada vez mais impenetrável. Por isso mesmo, a escolha do local de estágio deve ser minuciosamente ponderada, algo que eu não fiz - e já explico o meu erro - e deve ser encarada como um verdadeiro trabalho. Eu sei, somos estagiários, na grande maioria dos casos estamos ali para aprender, para ter o primeiro contacto com a realidade que até então só tínhamos estudado, mas a verdade é que os profissionais da área esperam mais de nós. Esperam que sejamos mais do que aprendizes. Como já disse, o estágio curricular é a oportunidade de mostrar a nossa fibra, o nosso interesse, acreditem que o nosso modo de trabalhar e a nossa seriedade estão a ser avaliados. No meu caso, e uma vez que optei pelo percurso de Jornalismo e Informação, decidi fazer o meu estágio curricular num jornal generalista, o Diário de Notícias. Contudo, no meu curso existe também a vertente de Novos Media, que se relaciona com novos conteúdos, com vídeos, câmara, edição, entre outros. Neste caso o local de estágio será um seguimento da área que já foi previamente escolhida por nós, se eu decidi enveredar pelo jornalismo mais tradicional é mais lógico que estagiasse num jornal, enquanto que um colega que tivesse escolhido o ramo de Novos Media possivelmente se interessaria mais em estagiar num canal de televisão, em produção, por exemplo. Contudo, isto não é uma regra. Mas como se nota, logo nesta fase o nosso percurso profissional começa a direccionar-se para algumas áreas em detrimento de outras. 

Mas o que ter em conta quando se escolhe o local de estágio na área de Jornalismo e Comunicação?



1# A área com que mais te identificas. Rádio? Televisão? Imprensa escrita? Câmara e Edição? Produção e Realização? Aqui surge um vasto leque de opções e tu só tens de perceber com qual destas áreas mais te identificas. No meu caso, eu queria decididamente estagiar em imprensa escrita, fosse num jornal ou numa revista como a Visão ou a Sábado. Sempre soube isso porque o que me levou a estudar Comunicação Social foi a minha paixão pela escrita, que é uma das formas de expressão e informação com que mais me identifico. 

2# A importância de escolher um nicho. Esta é a dica que eu gostaria que me tivessem dado, e se calhar até deram, mas eu estava demasiado distraída nessa altura, digamos assim. O que é um nicho, em jornalismo? Um nicho consiste numa determinada temática que é abordada pelos media e cujo público apresenta necessidades particulares, ainda pouco exploradas. Pode-se considerar um nicho de mercado uma revista de moda, um jornal de desporto, um canal sobre tauromaquia, uma revista de culinária ou de caça. Como se pode ver são orgãos de comunicação que exploram temas em particular e que têm a capacidade de fidelizar o público que partilha esses mesmos interesses. Grande parte dos meus colegas que estão a trabalhar na área de formação estagiaram, coincidência ou não, em nichos de mercado. O mesmo não acontece a colegas que, como eu, integraram orgãos de comunicação mais generalistas. Foi este o meu erro.

3# Escolher uma área de especialização. Tendo em conta o tópico anterior já deu para ficar com a ideia de que é importante escolher uma área específica. Mas atenção! Se, tal como eu na altura, não têm nenhum nicho da vossa preferência, podem optar por um orgão generalista. Porque, caso não saibam, até nos generalistas existe uma especialização, uma diferenciação. No Diário de Notícias (DN), por exemplo, existe a secção de Sociedade, de Política, de Segurança, de Cidades... ou seja, os próprios jornalistas da casa têm uma secção na qual são especializados e na qual, muitos deles, adquirem formação. Por isso, há que ponderar também este aspecto. Existe sempre uma temática restrita dentro do todo da redacção. Eu estagiei na secção de Segurança do DN e lidava diariamente com casos de violência, homicídio, furtos, assaltos e todos estes assuntos de cariz mais pesado. É importante pensar bem antes de escolher a secção que vão integrar.

No geral, são estes três aspectos que eu considero relevantes e a ter em conta quando se decide por um local de estágio em Jornalismo. Olhar para dentro de nós, perceber qual é o nosso interesse, perceber em que área nos sentimos mais confortáveis e, ao mesmo tempo, mais desafiados. Depois de tudo isso estar interiorizado, é altura de fazer a escolha. Volto a referir que é essencial levar o estágio curricular a sério, é preciso trabalhar, dar o melhor de nós, ganhar a confiança dos orientadores de estágio, provar que não somos apenas mais um estudante no meio de tantos que saem dos bancos da faculdade. Se o estágio correr bem é meio caminho andado para se conseguir um lugar na empresa, mas o contrário também pode acontecer. Hoje em dias os orgãos de Comunicação Social estão com as portas semi-cerradas. Um ou dois estagiários podem ficar, mas a esmagadora maioria não terá essa oportunidade. Não é por falta de talento, de esforço, ou de trabalho, mas pela contenção de custos e pelo corte de recursos humanos que impera nesta área. Quando fui à entrevista de estágio no Diário de Notícias uma das primeiras coisas que o sub-director do jornal - na altura Nuno Saraiva - disse foi que a possibilidade de ficar na redacção era nula. É normal isto acontecer nos dias actuais. As portas abrem-se para os estágios, mas fecham-se para as contratações. Isso não pode ser um impedimento para quem vai começar agora. Acredito que, mais tarde ou mais cedo, quem se esforça será recompensado por isso. 


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