30 março, 2016

Oops, fugi da dieta! Como evitar os excessos?

Dei uma pausa na minha alimentação regrada, admito. E agora? Bem, é sempre altura de retomar os bons hábitos alimentares, por isso, e com base nas minhas próprias asneiras, reuni três dicas para manter o foco na dieta. Acho que vou reler isto sempre que um gelado de noz chamar por mim.

1º Mandamento:  Não dirás que "é só hoje"
Digo tantas vezes esta célebre frase. Até seria aceitável se fosse verdadeira e se restringisse a um só dia. Acontece que a maioria das pessoas a vai repetindo todos os dias, e todos os dias se aproveita desta desculpa para comer algo adicional.

2º Mandamento: Se sabes que vais comer algo descontroladamente, não proves sequer o primeiro pedaço
Eu sou assim. Consigo estar um mês sem comer chocolate, mas se por acaso me predisponho a comer apenas um quadradinho, não consigo. Só descanso quando como mais de metade da tablete. E aí está tudo estragado, mais vale manter as tentações afastadas e não abrir excepções. 

3º Mandamento: A comida não será o refúgio para as tuas emoções
Quantas vezes comemos um chocolate porque estamos tristes? Quantas vezes tratamos a comida como refúgio? Qualquer ocasião parece perfeita para abusar da comida, desde as épocas festivas até aos momentos de tédio. O melhor a fazer nestes casos é canalizar as emoções para outras actividades igualmente prazerosas.

www.vilamulher.com.br
Tudo isto para fazer um balanço dos estragos que tenho feito nos últimos dias a nível alimentar e definir alguns limites. Comi há cerca de cinco horas (comecei a escrever este post à 1h da manhã) e o meu estômago ainda está às voltas. Só por isto dá para ter uma ideia do quanto o tenho massacrado nas duas últimas semanas. Por que é que saboto sempre a minha alimentação saudável? Não me preocupo somente com a questão estética, mas também com a minha saúde. Conheço-me tão bem que sei quais são os meus pontos fracos neste campo. Agora só falta usar esse conhecimento a meu favor e manter o estilo de vida a que me propus. 

Posso usar a típica desculpa da Páscoa e dizer que os responsáveis por ter saído da linha são as amêndoas, os ovos de chocolate ou os bolos fintos. E, em parte, até são. Mas se os doces estão ao nosso alcance durante todo o ano, por que é que há todo este descontrolo alimentar nestas alturas? Quase ninguém consegue dizer que não. As pessoas permitem-se a estas extravagâncias que muitas vezes são um verdadeiro atentado ao nosso corpo. Não julgo ninguém, porque eu própria me incluo neste grupo, o que não me deixa lá muito satisfeita comigo mesma.

Há três anos passei de sedentária com hábitos alimentares reprováveis para uma adepta de caminhadas ao ar livre. Ganhei gosto pelo exercício físico e o ano passado decidi entrar para o ginásio, que frequento três vezes por semana. Corrida e musculação são os meus exercícios de eleição. Acontece que o exercício não é o suficiente para atingir o objectivo da perda de peso. Se assim fosse, tudo seria bem mais simples. Qualquer pessoa tolera uma hora de cardio no ginásio, o verdadeiro desafio são as restantes 23 horas em que estamos entregues às variações de humor, aos apetites repentinos, às prateleiras dos hipermercados. Isto sim é difícil: resistir aos impulsos e manter o foco. O factor psicológico tem uma grande influência, já para não falar da nossa cultura, que encara a comida como recompensa.

28 março, 2016

É desta: Vou começar a fazer compras online

www.zara.com
Aproveitei o meu dia de folga para ir às compras e, para variar, já estou arrependida. Será possível que as idas ao shopping me saiam sempre tão frustradas? Queria atualizar o meu guarda-roupa com algumas peças-chave da estação, até perdi algum do meu tempo nos sites oficiais das lojas para ter uma ideia prévia do que podia encontrar e ir logo fazendo uma selecção do que pretendia. Faço tudo para tornar breve a minha ida aos shoppings. Por mim chegava, ia directa à loja, pegava na peça, pagava e vinha embora. Podem entender o por quê desta filosofia aqui: As temíveis idas ao centro comercial. Acontece que quando chego às lojas não existem metade dos artigos que vi online. Nada de blusas com tiras, nada de saias com franjas. Padrões, nem vê-los. Tive sorte porque comprei três blusas (com promoção de lançamento) e uns óculos de sol (que levo para chorar quando penso que me desloquei ali em vão e que podia ter comprado tudo pela internet). Agora resta-me procurar as peças que mais gosto e encomendá-las. Ah, se eu soubesse isto de antemão!

Como são as vossas idas ao shopping? 
Encontram sempre o que procuram? Passam lá horas ou são como eu?

27 março, 2016

Pessoas que fazem o meu dia

Obrigada. É só isso que me apetece dizer e, se por acaso não o expressei verbalmente, tenho a certeza que o meu olhar se encarregou disso por mim. É reconfortante saber que alguém possa sentir a minha falta, que alguém se tenha lembrado de mim enquanto estive ausente. É maravilhosa a maneira como se criam vínculos entre as pessoas, como por vezes surge uma empatia mútua, quase terna, entre nós e os outros. Há pessoas que têm a capacidade de fazer os nossos dias melhores. Gosto tanto de estar perto dessas pessoas. São cheias de luz, de energia, de boa disposição, pessoas cheias de simplicidade, de sorrisos, com cuidado no modo como tratam os outros. As pequenas acções são as que têm mais impacto, acreditem. Provocam sorrisos inesperados, entendimentos, compreensão, criam parcerias, acalentam-nos. Há pessoas que fazem o meu dia. Motivam-me a continuar, a ser melhor, a perceber que se calhar todo o esforço vale a pena. Transmitem-me tudo isto sem dizer uma palavra, mas eu sinto-o. A todas elas, o meu obrigada por serem tão carinhosas e deixarem uma marca positiva na minha vida. Também eu não vos esqueço.

Vocês são as minhas pessoas preferidas.

26 março, 2016

Posso maquilhar-me em paz?

Muito se tem falado de maquilhagem. Enquanto surgem movimentos na internet que mostram famosas sem ela ("Sou linda sem #makeup") vejo a notícia de uma mulher a maquilhar-se antes de dar à luz, na maternidade. Este é um assunto um pouco polémico e acho importante que não se criem mais preconceitos em volta dele.

Na minha opinião, usar maquilhagem é uma questão de escolha. A mulher tem livre arbítrio para decidir se anda de cara lavada ou se prefere pintar os olhos e usar batom. Nos dois casos a mulher deve ser respeitada. Sim, porque neste tema as opiniões são muito divergentes. Ora se diz que a primeira é desleixada como se diz que a outra só é bonita porque tem a cara cheia de base. É difícil ficar bem nesta fotografia, já repararam?

Eu admiro as mulheres que não usam maquilhagem, mas eu não sou capaz de abdicar desse ritual. Maquilhar-me já faz parte da minha rotina diária desde a época em que estudava no secundário. Comecei, timidamente, pelo blush e máscara de pestanas, depois aderi à base, e com o avançar dos anos o meu interesse pelas técnicas e produtos de maquilhagem foi crescendo. Até hoje. Sigo vários canais de beleza no YouTube e assisto a tutoriais que nos ensinam a fazer o contorno do rosto com pó bronzeador e a disfarçar as imperfeições. A maquilhagem, usada na medida certa, realça a nossa beleza natural, e acho errado associá-la a futilidade.


É importante referir que há mulheres que se maquilham porque gostam, porque se preocupam mais com a imagem, e outras que o fazem porque precisam. Sofrem de acne, têm manchas, cicatrizes, ou olheiras mais escuras. Nestes casos é de louvar a vasta gama de produtos que o mercado oferece. No geral acho que a maquilhagem é uma ferramenta útil e que está a nosso favor. Só se deve ter cuidado para não exagerar. Há uma maquilhagem adequada a cada ocasião. E, apesar dos prós, a mulher não deve tornar-se refém da maquilhagem a ponto de não ir à padaria sem estar pintada. Até porque, vamos admitir, às vezes é cansativo.

22 março, 2016

O despertar de Bruxelas para os atentados

É muita poeira para um mundo que deveria ser de luz.

Aconteceu outra vez. Está a acontecer com demasiada frequência. Hoje foi a vez de Bruxelas, considerada o coração da União Europeia. A cidade despertou com o rebentar de bombas, o aeroporto e o metro foram os alvos escolhidos para mais um atentado terrorista. É isto que me assusta: ser "mais um" a somar a tantos outros que têm sido perpetrados , em maior ou menor escala. É inevitável pensar na segurança dos cidadãos europeus. O número de vítimas mortais já ultrapassa as três dezenas e mais de 200 pessoas ficaram feridas. Estamos a falar de inocentes, do cidadão comum que está a dirigir-se para o trabalho, que vai viajar, que está a regressar a casa. Pessoas com uma rotina como a minha, como a nossa, que é brutalmente interrompida pelas ideologias e actos macabros de um grupo terrorista. 

Imagem retirada do Twitter
Os ataques já foram reivindicados pelo auto-proclamado Estado Islâmico, o mesmo autor dos atentados de Paris no ano passado e mais vulgarmente conhecido por Daesh. O Daesh quer espalhar o terror no Ocidente e usa-se de uma religião estrategicamente modificada para justificar as suas acções. São bárbaros e começam a ganhar terreno, estão a conseguir ferir-nos. Na altura do atentado de Paris, em novembro, procurei informar-me acerca deste grupo e fiquei horrorizada. A frieza, a crença cega, o radicalismo, o planeamento, a retaliação, os recrutamentos, a tortura aos prisioneiros. 

Nos noticiários fala-se de uma ameaça global, o que significa que qualquer país, qualquer pessoa, pode vir a ser atingida por acontecimentos desta natureza. Isto obriga-nos a pensar seriamente na questão da liberdade e da segurança. O clima de incerteza e insegurança está a instalar-se aos poucos, nomeadamente nas grandes capitais e em locais onde existem grandes aglomerados de pessoas. O plano e atuação dos terroristas são estratégicos. Há várias mensagens subliminares. Hoje, em Bruxelas, atacaram a estação de metro mais próxima das instituições europeias, o que pode simbolizar um aviso/ameaça aos mais altos dirigentes e chefes de estado. Em Paris, o alvo foi o modo de vida ocidental, a nossa cultura e formas de divertimento. Além disso, parece existir uma relação causa-efeito. Há uma espécie de retaliação. Os atentados ao Bataclan (Paris) ocorreram depois do assassinato de Jihad John (carrasco do Daesh) e, agora,  quando a Bélgica e a Europa respiravam de alívio após a captura de Salah Abdeslam, o pior acontece. 

21 março, 2016

Como surgiu o meu livro de poesia?

Hoje é o Dia Mundial da Poesia! Ah, a poesia. Uma forma de expressão tão única, cheia de peculiaridades, que abarca tanto sentimento!
O meu primeiro livro de poesia foi publicado em novembro de 2013. Dei-lhe o título de "Amor à Letra", que representa bem a minha relação com as palavras, e escrevi-o sob um pseudónimo (Bella Viriato). Só por aqui se percebe a admiração que nutro pelo poeta Fernando Pessoa. É uma das personalidades que mais admiro, e ainda hoje penso como seriam as nossas conversas caso tivesse tido o privilégio de o conhecer. 

Mas como surgiu o meu livro de poesia?
De um blog. Simplesmente assim. E da necessidade de me expressar através da escrita.
Alimentei um blog privado durante alguns anos e era aí que escrevia poemas e pensamentos mais intimistas, ao contrário do que faço agora com o Luz e Poeira. Um dia decidi reunir alguns deles, melhorá-los, e uma editora de poesia aceitou publicá-los. No fundo, o livro é uma compilação de uma escrita poética que fui acumulando com o tempo. O que estava reservado só para mim passou a ser público e acessível a todos. A poesia é uma arte muito pessoal, diz muito de quem a escreve. Mas é moldável, adapta-se facilmente a diversos leitores. É interpretativa. A poesia, antes de ser escrita, já o é, só de ser pensada e sentida. Aceito a ideia de um artigo jornalístico desprovido de sentimento, mas não concebo a ideia de um poema sem alma. 


No dia da apresentação do livro pude contar com a presença de pessoas muito especiais para mim. Para além da família e amigos, convidei o meu professor de Português do 3º ciclo, que muito admiro, para apresentar o livro. Pude contar com a intervenção do responsável da Biblioteca Municipal de Portalegre e com o Grupo "Os Amigos da Poesia", que conferiu ainda mais encanto ao momento. Ser-lhes-ei sempre grata.

18 março, 2016

Migração para o digital: um jornalismo mais económico


Os problemas de financiamento, a falta de investidores e a crescente era digital estão a obrigar os jornais a restringirem-se ao online. Exemplos disso são o jornal espanhol El País, que está a apostar numa transformação digital, e o Diário Económico, que publicou hoje a sua última versão em papel. As dívidas, o atraso nos pagamentos e a instabilidade directiva conduziram a este desfecho. A partir de hoje, o jornal  pertencente à Ongoing fica restrito à sua edição online, mantendo, ainda, as emissões do canal ETV. Fundado em 1989, o Diário Económico passou por fases de crescimento, e é considerado um jornal de referência em Portugal.

No site, assim como na versão impressa, pode ler-se uma mensagem de agradecimento dirigida aos trabalhadores, leitores e anunciantes, e a esperança de que esta seja uma situação temporária. 
Muitos são os funcionários que continuam a assegurar o conteúdo jornalístico e editorial do projeto apesar da situação precária em que se encontram. Aproveito para fazer referência à publicação de um vídeo que retrata a rotina na redação: as reuniões, a escrita dos artigos, a definição da manchete e a impressão do jornal, que hoje cessa. Como licenciada em Jornalismo, e enquanto cidadã atenta, sinto a informação mais empobrecida com estes acontecimentos. Trata-se de um retrocesso causado pelo progresso. É praticamente uma perda, uma extinção parcial. Para mim, é grave. Não só a situação financeira em que o jornal se encontra como a possibilidade de mais publicações lhe seguirem os passos em situações semelhantes. São muitos os jornais que enfrentam estas dificuldades, este não é um caso isolado. Estamos a assistir a uma mudança de interesses e este é um sector cada vez mais concorrencial. A internet, apesar de não ser a vilã neste caso, está a criar novos hábitos e a conseguir alcançar mais leitores. Considero notável a faceta camaleónica dos media, a adaptação ao mercado emergente das redes sociais e da tecnologia. Por outro lado, também a publicidade, uma das maiores receitas dos jornais, está a dispersar para plataformas mais "populosas" e a criar o seu próprio espaço, independente. 

Tendo em linha de conta este caso, espero sinceramente que não se abandone um modo de informar tão tradicional como o jornalismo de imprensa. O cheiro do jornal, as páginas, o próprio folhear... Até que ponto não está a ser exponencialmente substituído pelos cliques e pelos ecrãs? A tendência é o digital, e não censuro. Acho a internet um mundo sem limites, com grande capacidade  de projecção e visibilidade. Mas admito que temo o dia em que haja uma migração total para estas plataformas. Espero um futuro em que os leitores mantenham a possibilidade de escolha, em que a pluralidade seja assegurada e acessível a todos.

O Diário Económico é líder de vendas no segmento de Economia e o site economico.sapo.pt recebeu, só em janeiro, mais de 7 milhões de visualizações.

11 março, 2016

The Revenant e o Óscar de DiCaprio

Consegui, finalmente, ver o filme que valeu o Óscar de Melhor Actor a Leonardo DiCaprio. Ele também dirá o mesmo: «finalmente».
Antes de começar a desbobinar a minha opinião, puramente amadora, acerca do filme, tenho de escrever umas palavras acerca deste Óscar "tardio". O inatingível óscar de DiCaprio era já imagem de marca na internet e motivo de piadas em sites humorísticos. A verdade é que, após cinco nomeações, o actor foi distinguido com o almejado prémio! Vejamos: foram necessárias brilhantes interpretações e cerca de 25 anos de carreira até DiCaprio ser reconhecido pela academia dos Óscares como Melhor Actor. 
Usando-o como cobaia, isto faz-me pensar na determinação e perseverança que devemos ter na vida. O sucesso não é um resultado imediatoÉ natural falhar, mesmo quando se dá o melhor que há em nós. Muitas vezes queremos tudo para ontem, temos pressa, mas há todo um trajecto a percorrer. Às vezes tão sinuoso como o de Hugh Glass, neste filme. Em jeito de reflexão, o Óscar de Leonardo DiCaprio simboliza todos aqueles que ainda não atingiram os seus objectivos, mas que continuam a lutar pelo reconhecimento do seu trabalho.

Está feito o discurso, vamos agora ao que interessa: Acção!

Filme - The Revenant
(Pode conter spoilers)

www.imdb.com
Inspirado em factos reais, o filme baseia-se numa história de sobrevivência e vingança. Leonardo DiCaprio interpreta Hugh Glass, um lendário caçador do século XIX, que durante uma expedição pelas margens do rio Missouri é atacado por um urso e fica gravemente ferido.
O ataque provoca-lhe fracturas, impossibilitando-o de caminhar e, como é atingido pelo urso na zona do pescoço, só consegue emitir sons imperceptíveis. Numa época em que os ataques indígenas eram frequentes, transportar o inválido Hugh Glass atrasa o andamento da equipa e o mesmo acaba por ser abandonado pelos companheiros de caça. O explorador fica apenas entregue a dois companheiros que, assumindo a sua morte como certa, estão encarregues de lhe proporcionar um funeral digno. Contudo, o seu parceiro John Fitzgerald começa a comportar-se de forma desleal, chegando a enterrá-lo vivo e a levar os seus pertences. Mas a maior traição é outra: John Fitzgerald rouba-lhe o que tem de mais valioso. A vingança paira no olhar de Hugh Glass, que fica sozinho, ferido, e à mercê de um inverno rigoroso. É a partir deste ponto que começa a sua verdadeira luta pela sobrevivência. A personagem é dotada de uma força anímica brutal, que resiste às mais variadas intempéries, e que, simultaneamente, dá provas de grande inteligência e perícia perante as adversidades.

E o que dizer da interpretação de Leonardo DiCaprio? Intensa, profunda, real. Desde a caracterização física, que lhe conferiu maior robustez, à maneira como se move e se expressa. Conseguiu transmitir-me ferocidade, angústia, resiliência, compaixão. Mostra destreza nas cenas de acção e só o facto de mal conseguir falar, é um feito. O peso das palavras é substituído pelo das expressões. É muito mais difícil comunicar assim. E DiCaprio consegue manter a história viva só através da linguagem corporal. Uma das cenas que mais me marcou foi quando assiste a uma atrocidade dirigida ao filho. É possível ver dor e raiva no seu olhar, toda a expressão facial se altera e quase encarna um louco, apesar de não se mover um milímetro devido aos ferimentos. O ranger de dentes, a respiração. A própria luta com o urso e, no final, com Fitzgerald, revelam uma excelente capacidade interpretativa.


Houve outra cena que captou a minha atenção. Ao aperceber-se que uma tempestade vem a caminho, Hugh Glass abriga-se dentro de um cavalo, que antes abriu e esventrou. Uma cena que considero realística e que é prova do instinto de sobrevivência humano. De resto, fiquei maravilhada com os cenários naturais do filme: as árvores, as montanhas, a neve e os rios, a própria luz que incidia na acção. É marcante o contraste do sangue derramado com o branco imaculado da neve. Não foi por acaso que Emmanuel Lubezki venceu o Óscar de Melhor Fotografia com este filme. A meu ver, "The Revenant" só peca pela duração, que é de 2 horas e meia. Se retirassem meia-hora, pelo menos, acho que o essencial da história se mantinha. Também achei que as tribos indígenas deveriam ter sido mais exploradas durante o filme, mas pelo que tenho lido já percebi que "The Revenant" é muito centrado na figura principal (Hugh Glass), tanto que as informações acerca dos próprios companheiros também são escassas.
Na minha opinião, o filme explora o carácter humano em diversos níveis. Começando pela descoberta de territórios e pelo instinto da caça, passando pela dor da perda e desgosto da traição, e culminando na solidão, na vingança, na capacidade humana de resistir a situações tão inóspitas.


"The Revenant" foi dirigido por Alejandro Gonzaléz Iñárritu, que venceu o Óscar de Melhor Director. As gravações decorreram no Canadá, EUA e, numa fase final, na Argentina. A jornada de Hugh Glass foi, igualmente, distinguida com o Globo de Ouro de Melhor Filme Dramático. 

08 março, 2016

Mulher

Ser Mulher é ser forte e ser frágilé ter medo e vencê-lo com a coragemé sentir tudo, de todas as maneiras. É ser luz, é ter fé no amanhã, é pensar em tudo o que está ao seu redor. Ser Mulher é rir a chorar e chorar a rir. É beleza, mistério, paixão. Garra. É ter segurança e amor-próprio, é ser conselheira. É amar de uma maneira diferente, tolerar, desculpar, sacrificar-se. Ser Mulher é ultrapassar frustrações, reerguer-se e afirmar-se. É ser exploradora do melhor que há em si. Ser Mulher é ser paciente e impulsiva. É ter a capacidade de liderar a si mesma. É ser merecedora de respeito e atenção, é ser obra-prima de Deus. Mulher é o berço da vida. É determinação, aventura, riso e receio. É esperança, delicadeza, é vontade de mudar o mundo. Mulher é cega quando ama, verdadeira quando mente, sincera quando esconde. Mulher é comunicação, é razão, raciocínio contínuo, emoção. É ser feminina e complicada. É ser deslumbrante. Mulher é ser independente, mesmo quando tantos dependem de si.

Estas são algumas características intrínsecas à Mulher. Mas para quê tantas definições?
Afinal, Mulher é quem se sente como tal!

Foram muitas as mulheres que tiveram um marco importante na História, e até podia ter escrito acerca delas, mas preferi algo mais pessoal. Afinal de contas, basta olhar para o lado, no tempo presente, para ver quantas mulheres maravilhosas fazem parte dos nossos dias.
As Mulheres da minha vida são particulares, cada uma com a sua personalidade. Ora forte e carinhosa, ora frágil, mas batalhadora. Uma, dedicada de corpo e alma a tudo o que faz, para além dos próprios limites. Outra, confiante, guerreira, luminosa. Espero um dia conseguir transmitir a alguém tanta energia como elas me transmitem. Admiro-as de diversas formas, inspiram-me e contribuem para a minha própria construção como Mulher.

Que sejamos felizes, que sejamos amadas, que sejamos autênticas.
Que sejamos justas, competentes, afectuosas, lutadoras.
Que o amor e a intuição, que tanto nos caracteriza, seja o nosso guia.
Que as emoções prevaleçam e que o nosso modo de comunicar abra portas a novas mentalidades.

Valorizem-se. Valorizem as Mulheres da vossa vida.
Feliz dia da Mulher!

06 março, 2016

Palácio da Pena, o ponto alto de Sintra

Esta semana estive em Sintra, local que tem o poder de nos transportar para um ambiente histórico/romântico. Sempre que visito Sintra e caminho por entre as ruelas estreitas e inclinadas lembro-me do clássico de Eça de Queirós (Os Maias), principalmente quando passo pelo Lawrence's e pela Piriquita, com as suas famosas queijadas. Não é de admirar que Sintra seja o cenário eleito para protagonizar tantas obras, é rico em monumentos históricos e possui uma beleza natural de cortar a respiração. Custa a acreditar que esta vila idílica fique a escassos 24 km de Lisboa. São duas realidades contrastantes. E a verdade é que Sintra é um lugar que me transmite paz e serenidade. Reúne elementos naturais, como a serra e os parques verdejantes, e as obras portentosas que o ser humano consegue projectar e construir. 

Fiz questão de visitar pela primeira vez o Palácio da Pena, e aproveitei a estadia para voltar à Quinta da Regaleira. Como tenho uma grande tendência para me alongar nestes assuntos, resolvi descrever neste post a minha visita ao Palácio da Pena. Mais tarde relatarei o meu percurso à Quinta. 

Assim sendo, que comece a visita!

www.parquesdesintra.pt
Do centro da vila avista-se o Palácio, situado no topo da serra de Sintra, recortando a paisagem com as suas torres e abóbadas. Mas o que a vista alcança facilmente não se traduz numa proximidade assim tão óbvia. Por isso, há todo um caminho íngreme e cheio de curvas, serra acima, até se chegar ao Palácio. Eu desloquei-me de carro, que é o meio mais adequado, dado a distância e o tipo de trajecto. Pelo que percebi há sempre táxis disponíveis e autocarros turísticos, mas mesmo assim há pessoas aventureiras (ou com pouca noção da distância) que se atreviam a iniciar uma caminhada até ao Palácio, o que não aconselho. Até hoje penso o que terão decidido: desistiram e voltaram para trás? Continuaram em frente ou conseguiram a boleia que estavam a pedir?

O preço do bilhete ronda os 15 euros na época alta, que se inicia em março e vai até outubro. Há a possibilidade de fazer visitas guiadas e de ir de autocarro até à entrada do monumento, com custos acrescidos. Eu resolvi ir a pé. A caminhada entre a bilheteira e a entrada do Palácio demora cerca de dez minutos e é inclinada. Mas a pessoa tem oportunidade de passar pelos jardins, constituídos por variadas espécies de plantas e árvores, o que confere um misticismo ainda maior ao local.
                               
fotografia: Paula Cabaço
Quando finalmente se chega, a sensação é de alívio e de deslumbramento. As cores, a grandiosidade, a arquitectura, é o que cria mais impacto ao visitante. Havia um grande aglomerado de turistas, muitos deles chineses e italianos, que exploravam cada recanto avidamente, assim como eu. Haja máquinas fotográficas e telemóveis em punho, prontos a captar o "Tritão", as muralhas, ou o quarto do rei. Atenção, só é permitido tirar fotografias sem flash! E preparem-se para o vento! É uma constante, dada a localização e a altitude.

fotografia: Paula Cabaço
Há a oportunidade de conhecer o interior do Palácio. Desde o salão Nobre, passando pela sala dos Veados, pela cozinha, e terminando nos aposentos do Rei. É incrível observar o luxo e requinte adequado à época e pensar que a nobreza ali habitava. Dei comigo a imaginar como seria a vida dentro do Palácio, como se relacionavam, como seriam as festas, os passeios a cavalo, a leitura e a escrita, a própria rotina dos criados, e a personalidade dos reis.

www.liveportugal.pt
O Palácio da Pena está inserido na Paisagem Cultural de Sintra, considerada Património Mundial pela UNESCO (1995) e foi distinguido como uma das Sete Maravilhas de Portugal (2007).
Por incrível que pareça, o Palácio começou por ser uma capela em honra de Nossa Senhora da Pena, e depois um convento de monges. 
Em 1838, D. Fernando II adquiriu o convento, que se encontrava devoluto devido à extinção das ordens religiosas e iniciou o processo de restauração, juntamente com o arquitecto Barão de Eschwege. Mais tarde, o Palácio foi adquirido pelo Estado Português e convertido em museu, aquando da Proclamação da República Portuguesa (1910).

Assim, no topo da serra de Sintra, por entre os rochedos, surge um Palácio de arquitectura romântica, que mistura diversos estilos, e que todos os anos atrai milhares de visitantes.

03 março, 2016

Deadpool: O anti-herói desfigurado

Procuram um filme que conjugue acção, comédia e romance? Vejam "Deadpool".

Sou sincera, quando cheguei ao cinema do CascaiShopping a minha ideia era ver o badalado "The Revenant", que valeu o Óscar de melhor actor a Leonardo DiCaprio, ou até um filme mais descontraído. Acontece que fui pressionada para ver "Deadpool" e, como era o único que ia passar às 21 horas, lá cedi. A expectativa não era muita, a minha preferência cinematográfica não costuma passar por filmes de acção nem sou fã dos super-heróis da Marvel. Mas já que tinha a oportunidade de usufruir de uma noite de cinema, (sem pipocas, infelizmente), aceitei a sugestão, com alguma relutância, e posso dizer que não me arrependo. (Apesar de ter fechado os olhos para não ver as cenas mais violentas)


O filme conta, através de avanços e recuos temporais, a história de Wade Wilson - um ex-militar e atual mercenário, que virá a tornar-se Deadpool. Em bom português, Wade é uma espécie de "capanga" que, para defender uns, ataca outros fatalmente. Boa parte das cenas passam-se num bar, onde trabalha o seu melhor amigo, e onde o ambiente é de confusão, mas também de companheirismo. Acontece que o valentão Wade Wilson se apaixona por uma stripper, Vanessa Carlysle, e iniciam uma relação cheia de humor e cumplicidade. A química entre os dois é tão forte que ele decide pedi-la em casamento. A resposta é: sim! Acontece que nesse mesmo dia Wade sente-se mal e é-lhe diagnosticado um cancro nos pulmões em fase avançada. 


 

Nessa altura, a noiva tenta encontrar soluções para o salvar, mas quem apresenta uma nova forma de cura é um recrutador do Arma-X, apelidado de "Agente Smith". A proposta é tentadora: Wade só precisa de se submeter a um tratamento experimental que lhe regenerá todas as células e que lhe dará poderes sobrenaturais. 
Desesperado, Wade aceita e dá por si num laboratório administrado por Ajax (ou Francis, como Wade faz questão de lhe chamar), um membro do Arma-X, que o sujeita a variadas formas de tortura até conseguir provocar-lhe uma mutação. O próprio Ajax já tinha passado pela mesma experiência e tinha ficado imune à dor, simplesmente não sentia nada. Mas cada pessoa reage de forma diferente ao tratamento e Wade torna-se imortal, ficando automaticamente curado. A questão é que, para além disso, fica desfigurado. Revoltado com a situação, vira-se contra Ajax, que supostamente é o único capaz de lhe devolver o aspecto anterior.

A partir daqui inicia-se uma jornada de perseguição a Ajax. Wade Wilson não tem coragem de contar a verdade à noiva, que pensa que está morto, e envergonha-se da nova aparência. Por isso, veste literalmente uma máscara e intitula-se de "Deadpool", um homem com sede de vingança, disposto a tudo para recuperar a vida que tinha junto de Vanessa.


Um filme que, pelo seu argumento, tinha potencial para ser tenso, consegue intercalar de forma perspicaz o humor e a acção, o sarcasmo e o amor.
Às vezes é bom fugir do habitual, quebrar os nossos próprios padrões. Aconselho que façam o mesmo, de vez em quando. Pode ser que, no meio de uma sala de cinema às escuras, também dêem por vocês a rir, como eu. 

O actor Ryan Reynolds dá vida a Deadpool, personagem baseada nas publicações da Marvel Comics.
O filme foi dirigido por Tim Miller e estreou em Portugal a 11 de fevereiro de 2016.