22 março, 2016

O despertar de Bruxelas para os atentados

É muita poeira para um mundo que deveria ser de luz.

Aconteceu outra vez. Está a acontecer com demasiada frequência. Hoje foi a vez de Bruxelas, considerada o coração da União Europeia. A cidade despertou com o rebentar de bombas, o aeroporto e o metro foram os alvos escolhidos para mais um atentado terrorista. É isto que me assusta: ser "mais um" a somar a tantos outros que têm sido perpetrados , em maior ou menor escala. É inevitável pensar na segurança dos cidadãos europeus. O número de vítimas mortais já ultrapassa as três dezenas e mais de 200 pessoas ficaram feridas. Estamos a falar de inocentes, do cidadão comum que está a dirigir-se para o trabalho, que vai viajar, que está a regressar a casa. Pessoas com uma rotina como a minha, como a nossa, que é brutalmente interrompida pelas ideologias e actos macabros de um grupo terrorista. 

Imagem retirada do Twitter
Os ataques já foram reivindicados pelo auto-proclamado Estado Islâmico, o mesmo autor dos atentados de Paris no ano passado e mais vulgarmente conhecido por Daesh. O Daesh quer espalhar o terror no Ocidente e usa-se de uma religião estrategicamente modificada para justificar as suas acções. São bárbaros e começam a ganhar terreno, estão a conseguir ferir-nos. Na altura do atentado de Paris, em novembro, procurei informar-me acerca deste grupo e fiquei horrorizada. A frieza, a crença cega, o radicalismo, o planeamento, a retaliação, os recrutamentos, a tortura aos prisioneiros. 

Nos noticiários fala-se de uma ameaça global, o que significa que qualquer país, qualquer pessoa, pode vir a ser atingida por acontecimentos desta natureza. Isto obriga-nos a pensar seriamente na questão da liberdade e da segurança. O clima de incerteza e insegurança está a instalar-se aos poucos, nomeadamente nas grandes capitais e em locais onde existem grandes aglomerados de pessoas. O plano e atuação dos terroristas são estratégicos. Há várias mensagens subliminares. Hoje, em Bruxelas, atacaram a estação de metro mais próxima das instituições europeias, o que pode simbolizar um aviso/ameaça aos mais altos dirigentes e chefes de estado. Em Paris, o alvo foi o modo de vida ocidental, a nossa cultura e formas de divertimento. Além disso, parece existir uma relação causa-efeito. Há uma espécie de retaliação. Os atentados ao Bataclan (Paris) ocorreram depois do assassinato de Jihad John (carrasco do Daesh) e, agora,  quando a Bélgica e a Europa respiravam de alívio após a captura de Salah Abdeslam, o pior acontece. 

Imagem retirada do Twitter

A questão da liberdade é delicada. Teme-se um grupo estereotipado, como os muçulmanos, por exemplo, e muito já se falou no controlo das fronteiras, que impede a livre circulação de pessoas. Acontece que está a crescer a percepção de que isto se trata de uma rede de terrorismo diversificada e com penetração em diversos países. É de conhecimento público a existência de europeus radicalizados, que no dia-a-dia se comportam como vizinhos e colegas normais, alheios a qualquer suspeita. Portanto, de nada serve alimentar estereótipos. As ameaças tanto podem vir do exterior como ter origem interna. Podem surgir no seio da nossa comunidade, prova disso é a lista que foi recentemente divulgada e que aponta as diversas nacionalidades das pessoas ligadas ao jihadismo. 

O medo inibe a liberdade. Liberdade de pensar, de realizar as atividades diárias, de viajar, de estar em espaços públicos. Querem atemorizar-nos. 
Acho que a Europa já recebeu os alertas suficientes para começar a agir. Nada justifica a perda de mais vidas e o clima de insegurança que se vive. E isso passa não só pela defesa da dignidade e segurança de um povo, mas também pelo controlo, pela investigação de células adormecidas e pelo combate aos grupos terroristas.

Isto não pode tornar-se rotineiro. Não pode tornar-se aceitável.
Sonho tanto com um mundo feito por pessoas e livre de psicopatas.
Sonho tanto com um mundo feito de paz e tranquilidade. 
A realidade é outra e acaba de explodir diante dos nossos olhos. É hora de acordar.

3 comentários:

  1. Fiquei completamente em lágrimas com o teu texto! Fez-me pensar. Pensei tanto! Não quero uma vida assim, não quero que os meus filhos tenham uma vida assim (e ainda falta tanto para os ter!). Quero poder planear uma viagem sem medo de possíveis ataques. Quero poder ser feliz numa Europa que é minha. E hoje estou particularmente nostálgica! Acabei de viajar, cheguei ontem e toda a minha viagem foi passada de metro. Podia ter sido comigo... Beijinhos

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  2. Como te compreendo. Partilho as mesmas preocupações! Nem quero imaginar como se sentem os familiares das vítimas, são actos tão infundados e cruéis...
    Só espero que estes episódios não se repitam, que seja algo passageiro, para bem de todos nós.
    Beijinhos

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  3. Não sei o que pensar quando vejo esses ataques. Fico perplexa com toda essa violência e não entendo o quão insensato pode ser o coração do homem, para conseguir articular e colocar em prática tal barbaridade. Por outro lado, fico refletindo sobre a política mundial e sobre o que nossos antepassados fizeram a tantos povos. Não sei se por ser filha de ex-colônia, mas me pergunto qual responsabilidade da humanidade nesses ataques, que são resultados de um ódio e radicalismo criado por um grupo específico.
    Enfim, é sempre bom refletirmos criticamente diante de tudo isso.

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