18 março, 2016

Migração para o digital: um jornalismo mais económico


Os problemas de financiamento, a falta de investidores e a crescente era digital estão a obrigar os jornais a restringirem-se ao online. Exemplos disso são o jornal espanhol El País, que está a apostar numa transformação digital, e o Diário Económico, que publicou hoje a sua última versão em papel. As dívidas, o atraso nos pagamentos e a instabilidade directiva conduziram a este desfecho. A partir de hoje, o jornal  pertencente à Ongoing fica restrito à sua edição online, mantendo, ainda, as emissões do canal ETV. Fundado em 1989, o Diário Económico passou por fases de crescimento, e é considerado um jornal de referência em Portugal.

No site, assim como na versão impressa, pode ler-se uma mensagem de agradecimento dirigida aos trabalhadores, leitores e anunciantes, e a esperança de que esta seja uma situação temporária. 
Muitos são os funcionários que continuam a assegurar o conteúdo jornalístico e editorial do projeto apesar da situação precária em que se encontram. Aproveito para fazer referência à publicação de um vídeo que retrata a rotina na redação: as reuniões, a escrita dos artigos, a definição da manchete e a impressão do jornal, que hoje cessa. Como licenciada em Jornalismo, e enquanto cidadã atenta, sinto a informação mais empobrecida com estes acontecimentos. Trata-se de um retrocesso causado pelo progresso. É praticamente uma perda, uma extinção parcial. Para mim, é grave. Não só a situação financeira em que o jornal se encontra como a possibilidade de mais publicações lhe seguirem os passos em situações semelhantes. São muitos os jornais que enfrentam estas dificuldades, este não é um caso isolado. Estamos a assistir a uma mudança de interesses e este é um sector cada vez mais concorrencial. A internet, apesar de não ser a vilã neste caso, está a criar novos hábitos e a conseguir alcançar mais leitores. Considero notável a faceta camaleónica dos media, a adaptação ao mercado emergente das redes sociais e da tecnologia. Por outro lado, também a publicidade, uma das maiores receitas dos jornais, está a dispersar para plataformas mais "populosas" e a criar o seu próprio espaço, independente. 

Tendo em linha de conta este caso, espero sinceramente que não se abandone um modo de informar tão tradicional como o jornalismo de imprensa. O cheiro do jornal, as páginas, o próprio folhear... Até que ponto não está a ser exponencialmente substituído pelos cliques e pelos ecrãs? A tendência é o digital, e não censuro. Acho a internet um mundo sem limites, com grande capacidade  de projecção e visibilidade. Mas admito que temo o dia em que haja uma migração total para estas plataformas. Espero um futuro em que os leitores mantenham a possibilidade de escolha, em que a pluralidade seja assegurada e acessível a todos.

O Diário Económico é líder de vendas no segmento de Economia e o site economico.sapo.pt recebeu, só em janeiro, mais de 7 milhões de visualizações.

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