09 novembro, 2016

A piada ficou séria. Trump é Presidente.


A princípio achei a figura de Trump caricata. O facto de um homem com o seu perfil se estar a candidatar à Casa Branca era um acontecimento ao qual achava piada. Era uma espécie de bobo da corte. Em momento algum levei a sua candidatura a sério, não só por considerar Trump um megalómano, alguém com ideias muito loucas, mas devido a outros candidatos que, desde logo, me chamaram a atenção pela sua postura, ideais defendidos e credibilidade. Sempre acompanhei a corrida à Casa Branca como uma mera espectadora, ia ficando a par dos resultados e a par das barbaridades que este senhor Donald Trump cuspia. Era para mim difícil de acreditar no que ouvia, por vezes. As ideias xenófobas, a intenção de construir muros, de expulsar imigrantes, de humilhar pessoas com deficiência, a própria forma como encara as mulheres em pleno século XXI é de deixar qualquer pessoa abismada! 

É claro que nunca acreditei que os EUA o elegessem como presidente, na minha cabeça a sua progressão nas votações devia-se ao seu show business, as pessoas queriam ouvir as "trumpalhadas" que ele dizia aos media e rirem-se dele. Pelo menos, era o que eu fazia, era o que eu pensava. Repito: nunca pensei que o povo americano, com toda a informação e desenvolvimento de que hoje dispomos, fosse votar num homem destes. Estamos a falar de um povo que elegeu Barack Obama. O que mudou entretanto nos eleitores? Há quatro anos elegeram o primeiro presidente negro dos Estados Unidos da América, um homem sensato, humano, com valores morais; já hoje, dão o poder a um homem cheio de si, com ódios bem marcados, sem respeito pelas minorias, com ideias fora de série para o mundo actual. É inacreditável esta escolha do povo americano. 

Mas atenção, não me espanta o facto de Donald Trump ter conseguido uma legião tão numerosa de apoiantes. Ele sabe falar, sabe mexer com as vontades ocultas das pessoas, dá voz ao pensamento dos que são como ele. Essas pessoas vêem-se representadas. Trump é tudo menos politicamente correcto. Soube cativar as pessoas menos instruídas e deu-lhes a volta com o seu discurso "Make American Great Again". Tenho de dizer isto, mas sempre que ouvia Donald Trump discursar e arrastar multidões para as barbaridades que dizia, lembrava-me de Hitler. Toda aquela lavagem cerebral, o recurso à manipulação, ao ódio gratuito. É de arrepiar, mas esta associação é bem real para mim. Cheguei a acreditar que ele não pretendia ser eleito, que tinha entrado na corrida para se auto-promover e que, entretanto, as coisas se tinham desenrolado melhor do que Trump alguma vez esperara. Será que o próprio acreditou desde o início que conseguiria tornar-se presidente dos EUA?

Hoje o mundo acordou em choque. Não só a América, mas o mundo. A nós, resta-nos esperar para ver o seu discurso, a sua posição face aos acontecimentos futuros, as medidas que tomará. No discurso de vitória o republicano afirmou que será presidente de todos os americanos e que quer promover a união. Vamos esperar. Mas uma coisa é certa: não sinto que a América - ou que o mundo - esteja bem entregue.

2 comentários:

  1. Ainda não tinhas falado do Hitler e já eu estava a pensar que ia comentar exactamente isso...parece que é uma sensação comum. E assustadora! Não sei o que vem aí, mas não será nada bom...

    Jiji

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  2. Eu fiquei parvinha quando soube -.-

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