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O estudo foi recentemente divulgado nos meios de comunicação social e só veio confirmar, em números, uma situação recorrente que está à vista de todos. Quero partilhar convosco uma cena (pouco) familiar a que assisti e que me fez pensar.
Fui jantar a uma pizzaria, há cerca de uma semana, para comemorar o dia dos namorados. Não será o melhor menu para quem deseja emagrecer, e nem o mais requintado, mas era o que me apetecia! A pequena sala estava cheia e, ao meu lado, estava uma família esfomeada: um casal e os seus dois filhos. Eram espanhóis, percebi logo pela pronúncia, apesar de pouco terem falado.
Eu tive de esperar meia-hora até que a minha pizza familiar (metade frango e natas/metade tropical), estivesse pronta. E, nesse espaço de tempo, pude conversar e observar.
Eu tive de esperar meia-hora até que a minha pizza familiar (metade frango e natas/metade tropical), estivesse pronta. E, nesse espaço de tempo, pude conversar e observar.
Comecei por invejar o banquete que chegava à mesa do lado: duas pizzas familiares, seguidas de batatas fritas com ketchup e, para finalizar, um cestinho de pão. E eu, nessa altura, ainda com o estômago vazio.
Depois, - chegou agora a parte importante -, vi as crianças, que não deviam ter mais de 10 anos, a pegarem nos seus tablets, um para cada uma, e a verem vídeos no dito aparelho.
Confesso, fiquei estupefacta. Os miúdos não esperaram sequer pelo fim da refeição, que até era apetitosa, para se agarrarem ao tablet. Nada disso. Cada um olhava para o ecrã enquanto iam comendo a pizza ou tirando uma batata com a mão. Os pais comiam e lá diziam alguma coisa entre si, mas espantou-me o facto de não falarem com os filhos, que estavam mesmo ali à frente. Não havia uma coesão familiar naquele momento, era cada um para seu lado, com os seus interesses. E, apesar de ser algo comum nos dias de hoje, achei estranho. Senti-me incomodada. E depressa percebi por quê.
Eu faço o mesmo. Gostava de dizer que sou um bom exemplo, que não faço parte dos tais 70% referidos no estudo, mas infelizmente faço. Eu própria, em cafés e restaurantes, procuro sempre a senha para o WiFi. E acho que foi isso que me chocou. Quando olhei para a refeição daquela família e para o comportamento, totalmente alheio, das crianças, pude ver-me retratada, de certa forma. Dizem que a nossa percepção se torna diferente quando nos vemos a nós próprios. Neste caso, não tenho nenhuma câmara em casa para me poder analisar, mas tenho a capacidade de observar os outros e de me rever, ou não, nos seus comportamentos.
É frequente mexer no telemóvel durante as refeições. E não me orgulho muito de reconhecer isto. A minha mãe costuma chatear-se comigo e chamar-me a atenção. Diz que está a falar para mim e que eu nem a oiço, ou então que não lhe respondo. Shame on me. A verdade é que, sem nos apercebermos, este mundo virtual nos suga. Parece que o tempo é sempre pouco para se ver as notificações do facebook, as fotos novas que publicaram no instagram, para assistir aos vídeos do youtube, para responder a uma mensagem do nosso melhor amigo. Parece que não dá para deixar isto para mais tarde, como se depois da hora do jantar todas essas atualizações já não estivessem ao nosso alcance. Claro que vão estar disponíveis! Mas parece que preferimos focar a atenção nisso a passar tempo de qualidade com os nossos.
Isto é algo extremamente preocupante. E, ao contrário do que se possa pensar, não é um problema só dos jovens. Os mais velhos, que em grande parte também já se renderam às tecnologias, comportam-se da mesma forma. Não digo que o façam às refeições, porque ainda associam esse momento a um ambiente de reunião familiar, mas quando estão na sala também parecem descartar o convívio e abraçar os computadores e televisões.
Isto é algo extremamente preocupante. E, ao contrário do que se possa pensar, não é um problema só dos jovens. Os mais velhos, que em grande parte também já se renderam às tecnologias, comportam-se da mesma forma. Não digo que o façam às refeições, porque ainda associam esse momento a um ambiente de reunião familiar, mas quando estão na sala também parecem descartar o convívio e abraçar os computadores e televisões.
Dou por mim a pensar em como seria a comunicação e as relações há sessenta anos atrás, durante a juventude dos meus avós. A tecnologia trouxe-nos, de forma inegável, diversos benefícios, mas há que ter consciência da forma abusiva com que a estamos a utilizar. Estamos a trazer máquinas para as nossas mesas. Estamos a perder o contacto com as pessoas. Estamos, a pouco e pouco, a perder a voz quando vamos ao café com os amigos, porque preferimos conferir o que se passa online. Não é assustador?
Há pessoas que, para se livrarem deste vício que vai minando relações, estipulam dias da semana para estarem totalmente off. Nada de tecnologias, nada de ecrãs, nada de redes sociais nem jogos online. Realidade, sê bem-vinda! Também sei de casos em que se banem os aparelhos electrónicos durante as refeições, e concordo plenamente com isso. Aliás, ando a esforçar-me para fazer o mesmo. O importante nesta vida são as pessoas e não há tecnologia que as substitua. Portanto, que saibamos fazer uma gestão do nosso tempo, das nossas práticas, e interiorizar que há um horário para o mundo virtual e outro, distinto, para as pessoas. Que não haja deturpações. Porque são as pessoas que nos amam. Porque são as pessoas que nós amamos.









obrigada pelo comentário <3
ResponderEliminarnunca estou uma refeição ao telemóvel, posso tirar uma foto no início se achar piada à comida, ou responder a alguma coisas urgente, mas é um hábito meu não utilizar nada eletrônico às refeições :)
www.pinkie-love-forever.blogspot.com
Então és um exemplo a seguir! :) beijinhos
EliminarAo ler isto envergonhei-me. Tenho um filho de 6 anos, ele tem um tablet (e ainda hoje me pergunto muitas vezes porque é que lhe comprámos um) e às vezes (não muitas, tipo 1 ou 2 x por semana ao jantar, quando estou mesmo nas lonas da paciência) ele come o jantar a ver bonecada no tablet. Ok, eu sei que não devia, mas é como dizes, nas costas dos outros vemos as nossas.
ResponderEliminarEu própria tenho um vício danado de ter o telemóvel perto quando vou a algum sitio fora de casa, dentro de casa nem tanto às vezes até o perco, mas quando saio é uma desgraça.
Vou estar mais atenta!
beijinho e adorei o teu blog
www.blogasbolinhasamarelas.blogspot.pt
Olá e muito bem-vinda!
EliminarEu compreendo essa situação, até porque também já dei o meu relato. Também acho que não te deves recriminar por isso, até porque um dia não são dias e por vezes as crianças testam os nossos limites :) mas é bom começar a pensar nisto e mudar aos pouquinhos.
Obrigada pelo comentário !
beijinhos