06 fevereiro, 2016

Um depósito de motivação, por favor

A minha mãe está a pensar em trocar de automóvel. E é daquelas pessoas que precisa sempre de um empurrãozinho para tomar alguma decisão. Por isso, quando a ouvi falar numa suposta aquisição encarei o assunto com certa descrença. Sabia que desde a ideia inicial até à concretização do negócio, passando pela escolha do modelo, iam demorar meses. A conversa começou logo no início de janeiro. E ora a minha mãe dizia que tinha de tratar do assunto, como pouco depois acrescentava que se calhar «só lá para os fins de junho». Entendem agora a minha descrença? Mas bem, vamos continuar com a história... isto foi só uma introdução. 

Pelas minhas contas, na nossa cidade, já visitámos quatro stands de automóveis ao longo deste último mês. É verdade, não percebemos muito de carros, mas a senhora minha mãe alega que «não percebia, mas tive de começar a perceber». E eu vou pelo mesmo caminho, agora que já me familiarizei com as cilindradas do motor e os cavalos, entre outras características. Em suma, tornei-me visitante assídua dos sites de algumas marcas de automóveis.

Posso adiantar, contudo, que a minha mãe, até à data, ainda não comprou o carro. O motivo?
Os vendedores.



Dos chefes de vendas por quem fomos atendidas quase nenhum se mostrou interessado em vender. Eu própria fiquei um pouco perplexa porque tinha ideia que, dado o valor do negócio, e os tempos que se vivem,  o papel do vendedor seria mostrar entusiasmo, cativar o cliente, valorizar o produto. Alguns até o fizeram, é certo, mas sem a «alma do negócio». Usando um tom de voz passivo e sem grande ânimo, sem grande insistência. 

Não vou ousar ser generalista, até porque houve alguns que se mostraram extremamente solícitos. E, como leiga no assunto, não sei como é a realidade em outros stands do país. Mas tenho de admitir que foi algo que encarei com estranheza. Claro que há pessoas mais sérias, outras mais expressivas, umas que apelam ao lado emocional e outras que seguem uma linha mais metódica. Tudo isso já está em cima da mesa. Mas o que será que falta a estas pessoas para não transmitirem ao cliente o que é suposto? Falo da confiança, da simpatia, do bom atendimento, da informação que prestam, da solicitude.

Com estas interrogações que fiz a mim mesma, passei do sector automóvel para a vida, na sua generalidade. Será que temos a motivação suficiente para realizar as nossas tarefas de cada dia? E se não, a culpa será nossa? Das circunstâncias? 


A motivação é como um estímulo, algo que nos impulsiona para a frente, para a realização. Quando esse gatilho não é accionado por nós fazemos as coisas porque sim. Porque tem de ser. Porque não há outra alternativa. Porque nos mandam. 
Mas não devia ser assim. Devia fazer-se porque se quer e porque se gosta. Porque se tem orgulho em atingir mais um objetivo, seja de que natureza for.
Esta história faz-me pensar que uma pessoa se apercebe de tudo. Sabe ver se o sorriso é verdadeiro, se o outro está cansado ou bem-disposto. Muitas vezes não nos apercebemos do quão transparentes somos.

Venha uma dose de entusiasmo, por favor!
Isso pode fazer a diferença entre vender, ou não, um carro.

Mas mais importante: faz a diferença na maneira como se lida com a vida e com as pessoas. 

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